José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Balanço calórico é a melhor maneira para emagrecer? Desconfie

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Balanço calórico é a melhor maneira para emagrecer? Desconfie


Por Prof. Danilo Balu | 06/05/2013 - Atualizada às 07:30

Balanço calórico ou corte de carboidratos?
Balanço calórico ou corte de carboidratos?
Foto: Ronny Stephan/ Stock.Xchng
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Já falei mais de uma vez aqui sobre minha completa e total descrença na capacidade atual da Nutrição e da Medicina “convencional” em combater ou prevenir a obesidade na população que não seja obesa mórbida, nem pertença a um grupo especial (diabético, hipertenso, com transtorno alimentar...).

A hipótese do balanço calórico e da restrição ao consumo de gordura com aumento do gasto energético (atividade física) encanta, tem lógica, “faz sentido”, mas não funciona nem nunca passou disso, uma hipótese. E isso tudo muito bem explicado e defendido por Gary Taubes em seus dois livros: “Good Calories Bad Calories” e o “Why We Get Fat”. Aliás, arrisco-me a dizer que se um Nutricionista nunca leu Taubes, fica difícil levar esse profissional a sério quando o tema é emagrecimento.

Ninguém precisa querer explicar que Nutrição é mais do que emagrecimento e/ou combate à obesidade. Ela é muito maior que isso, sabemos. Mas reafirmo e reforço o que disse: o tratamento atual é uma vergonha em seu princípio e em seu fim. Não funciona na teoria nem na prática. Ele é uma vergonha, é achismo travestido de ciência a um custo altíssimo, que é a saúde de milhões de pessoas. Nesta especialidade, a Nutrição não é mais do que dicas que qualquer um poderia dar e receber sem o corporativismo que dita que deveríamos procurar um profissional da área.

Com o planeta ficando há décadas cada vez mais gordo, podemos arriscar duas conclusões: a primeira é que a solução é muito mais complexa do que o “balanço calórico”. A segunda é que a opção dada hoje (menos gordura, menos calorias e mais atividade física) simplesmente não funciona e é equivocada já em sua premissa. E isso tudo você pode afirmar por mais vergonhosamente que seu médico ou nutricionista ignore.

A solução apresentada por Taubes resumidamente é um corte radical no consumo de carboidratos em indivíduos normais. Radical? Chegando a um nível dificílimo de 40g por dia. Indivíduos normais? Ele não “fala” nem recomenda isso para atletas de alto nível, obesos mórbidos, diabéticos ou pessoas com transtornos alimentares (compulsivos, bulímicos e anoréxicos).

Taubes reconhece que o corte de carboidratos não é uma solução infalível que sirva para todos. Há limitações. Mas mesmo com essas limitações ele aponta como a ideia de dieta de perda de peso hoje pelo balanço calórico é completamente equivocada.

Estamos boicotando a nós mesmos em nome do açúcar?  Foto: Blickwinkel/ Imago/ Fotoarena
Estamos boicotando a nós mesmos em nome do açúcar? Foto: Blickwinkel/ Imago/ Fotoarena


Adiando o doce- Por décadas a Nutrição e a Medicina enxergam o emagrecimento como um economista via o ser humano, como se uma interferência pontual que funcionasse sem outras alterações e interferências. Não funciona. Nunca. A Economia Comportamental hoje prova que um doce que você deixa de consumir no almoço por disciplina irá alterar as suas escolhas nas próximas refeições nesse mesmo dia ou num futuro bem próximo.

Mas o nutricionista ou desconhece isso ou finge que não é bem assim. Dan Ariely e Gary Taubes devem ser incapazes de diferenciar um salame de um abacaxi, mas suas ideias fazem mais bem à nossa silhueta do que qualquer nutricionista que eu conheça.

Ainda neste campo, o modelo atual da Nutrição age com o critério de uma criança de seis anos quando prega que comer gordura pode fazê-lo gordo. No século 19, os velocistas comiam carne de animais velozes porque achavam que isso lhes traria velocidade. Parece estúpido, não? Pergunte então ao seu nutricionista o porquê você deve comer menos gordura. De acordo com a resposta, você pode dizer a que século o raciocínio dele pertence.

Por fim, por esta lógica (comer pouca gordura) seria fácil combater osteoporose (coma ovos com casca), a anemia (chupe um parafuso) ou evitar o envelhecimento (se entupa de gelatina e colágeno). Sabemos que esses tratamentos não funcionam, então por que o inverso com a gordura funcionaria?

O corte de gordura é um raciocínio pueril justamente porque nunca se provou e é utilizado religiosamente. Se você segue o que atualmente dizem os profissionais de Saúde porque eles seriam autoridade no tema, não custa lembrar que décadas atrás para eles a recomendação para fumar cigarros já serviu de tratamento para muita doença. 

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