Procedimento ajuda a melhorar e controlar cerca de 30 doenças relacionadas ao excesso de peso


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade hoje já é considerada como doença crônica. E olhando para frente, estima-se que em 2015 existirão 2,3 bilhões de pessoas com excesso de peso e 700 milhões de obesos no mundo inteiro.
As causas para o problemas são variadas, envolvendo fatores genéticos, metabólicos, comportamentais, culturais e sociais. Em situações mais graves, quando a mudança alimentar e atividade física são insuficientes, uma intervenção médica mais efetiva, como a cirurgia bariátrica e metabólica (cirurgia para redução do estômago), se faz necessária para resolver a questão.
Enquanto isso, a procura por este procedimento tem aumentado anualmente, segundo o último levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. A pesquisa mostrou que entre 2005 e 2010 houve um crescimento de 172% de cirurgias de redução do estômago realizadas no Brasil.

Os benefícios da cirurgia bariátrica vão além do controle do peso. Estudos clínicos demonstram que o procedimento ajuda a melhorar e controlar cerca de 30 doenças relacionadas à obesidade, entre elas o diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, lesões articulares, além de problemas sociais e psicológicos.
O cirurgião geral Fernando Barros, especializado em Gastroplastia no Centro Médico de Botafogo, confirma a tese de que a obesidade mórbida é uma condição de risco para várias doenças, levando a uma diminuição na qualidade de vida. ”A cirurgia surgi como uma opção mais eficaz, depois de se tentar outras intervenções menos invasivas, como dieta e exercícios. Além da perda de peso e resolução das comorbidades, existe toda uma questão da inserção dessas pessoas de volta na sociedade”, esclarece o médico.
Existem quatro tipos de cirurgias autorizadas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica:  Bypass Gástrico; Gastrectomia Vertical; Banda Gástrica; Duodenal Switch. Já entre as técnicas a mais realizada no mundo é o Bypass, que consiste no grampeamento do estômago para redirecionar os alimentos para o intestino, reduzindo seu tamanho e capacidade de absorção. Sua escolha vai depender do perfil do paciente. “A cirurgia deve ser individualizada para cada paciente. Temos que oferecer todas as opções, e dentro do perfil traçado pela equipe, optamos junto ao paciente o procedimento ideal”, explica Barros.
Quem pode fazer a cirurgia?
O procedimento é indicado apenas para quem está na faixa de obesidade mórbida, quando o Índice de Massa Corpórea (IMC) estiver entre 35kg/m² e 40kg/m². É importante ressaltar que a cirurgia só será considerada caso o tratamento clínico não seja eficaz. E para calcular o IMC divide-se o peso pela altura ao quadrado.
A preparação para a cirurgia se inicia com uma antecedência de seis meses a um ano. Nesse período, o paciente recebe acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos das áreas de cirurgia, clínica médica, endocrinologistas. Também fazem parte do tratamento nutricionistas, psicólogas e assistência social, que avaliam se o paciente está apto emocionalmente e clinicamente para a cirurgia, além de auxiliá-lo quanto à compreensão de todos os aspectos decorrentes do pré e pós-cirúrgico.
De acordo com Barros, “a cirurgia marca o início de uma fase de transformações, por isso, o acompanhamento multidisciplinar antes e depois da cirurgia é fundamental”. A operação representa apenas 30% do tratamento e os outros 70% acontecem na etapa pós-cirúrgica.  Para obter êxito, a pessoa operada precisa obedecer todas as recomendações médicas, principalmente em relação à alimentação adequada e prática de exercícios.
Resultados
A cirurgia propõe a perda de aproximadamente 40% a 45% do peso total nos primeiros dois anos.  Um resultado que a assistente social Ana Paula Almeida, 30, operada há seis meses, se esforça para alcançar. Ela pesava 122 kg e já perdeu 35 kg. Segundo a nutricionista Loraine Ferraz, que a acompanha, diz que Ana ainda deve perder mais peso nos próximos meses. “A paciente deverá ter uma redução significativa nos próximos meses, que depois de um ano e meio se estabiliza”, diz Loraine.
A profissional explica que devido à mudança na alimentação e o grande emagrecimento no primeiro ano, se faz necessário, muitas, vezes, uma suplementação com vitaminas. “Indicamos a suplementação no caso de alguma carência de nutrientes. Quando o operado não consegue  manter uma alimentação adequada, rica em carnes magras, verduras, legumes, frutas e massas integrais”, observa a nutricionista.
Gravidez pós-bariátrica
Metade das cirurgias de redução do estômago são realizadas em mulheres, com  idade fértil, mas que apresentam grande dificuldade de engravidar devido aos vários problemas causados pela obesidade que afetam a ovulação. Para Ana Paula, o que pesou na decisão de operar não foi só a sua saúde, mas principalmente o desejo de ser mãe. Na mulher, a obesidade na gravidez oferece riscos para mãe e para o bebê.
O dr. Fernando explica que a mulher operada pode, sim, ter uma gestação tranquila e saudável, desde que tomados os devidos cuidados. “Após a cirurgia a mulher precisa esperar pelo menos 18 meses para engravidar. E ter o acompanhamento médico e nutricional durante toda a gravidez para garantir a segurança e a saúde de mãe e filho”, tranquiliza o médico.
Até lá, Ana Paula ainda terá uma longa jornada pela frente, que inclui uma cirurgia plástica reparadora para correção dos excessos de pele.
FONTE: http://www.oestadorj.com.br/saude/cirurgia-bariatrica-alternativa-para-combater-a-obesidade/