José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Alimentos, obesidade e agronegócio são temas importantes no livro “Muito Além da Economia Verde”, de Ricardo Abramovay

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Alimentos, obesidade e agronegócio são temas importantes no livro “Muito Além da Economia Verde”, de Ricardo Abramovay




Os riscos envolvidos na ingestão e no cultivo de alimentos com excesso de agrotóxicos e de fertilizantes hidrogenados estão, há algum tempo, em pauta nos principais jornais brasileiros e estrangeiros. Em seu livro “Muito Além da Economia Verde”, lançado em junho, Ricardo Abramovay também aborda a questão e coloca em pauta a obesidade e o desmatamento. Os trechos do segundo capítulo destacados neste post foram escolhidos por trazerem observações pertinentes sobre a comida no mundo:
“Os progressos da produtividade nos últimos anos foram imensos, com a melhoria das raças e do manejo dos animais. Mas, mesmo assim, generalizar para o conjunto da humanidade o padrão americano de ingestão de carne (120 quilos por ano) ou mesmo o da média dos países desenvolvidos (mais de 80 quilos por ano) consumiria tal quantidade de produtos vegetais que conduziria, inevitavelmente, a um colapso na oferta de alimentos. O caso brasileiro é particularmente grave: o consumo de carne (bovina, suína e de frango) foi de 94 quilos per capita. A taxa média de crescimento no consumo, desde o início do século 21, foi de 1,6% ao ano.
Além disso, é sempre bom ter em mente que os 30% da superfície terrestre dedicados à pecuária eram ocupados, originalmente, por rica biodiversidade. Claro que a exploração humana dessas paisagens exige sempre algum nível de alteração de seus ecossistemas. O problema é que a pecuária é a maior responsável direta pela degradação da biodiversidade no planeta. Dos 35 ambientes mais importantes do mundo em riqueza biológica, nada menos do que 23 estão ameaçados pela pecuária. E o problema não está apenas na produção de carnes vindas de animais terrestres: de cada dez atuns, tubarões ou outros grandes peixes predadores que habitavam os oceanos na primeira metade do século 20, hoje há somente um. A situação é tão extrema que pesquisadores do Fisheries Centre da Universidade de British Columbia (Canadá) não hesitam em falar de guerra de extermínio ao caracterizarem as atividades pesqueiras atuais. A pecuária sozinha representa nada menos do que 18% de todas as emissões mundiais de gases de efeito estufa”.
“A produção de grãos multiplicou-se por quase 3 de 1960 a 2010: mas, nesse período, o consumo mundial de fertilizantes nitrogenados cresceu quase nove vezes”.
“Mas será que a erosão da biodiversidade e os recursos energéticos em que se apoia o crescimento da produção e do consumo de carne no mundo são contrapartidas inevitáveis do bem-estar? O consumo excessivo de carne “é a fonte primária de gordura saturada, responsável pelo alto risco de doenças cardiovasculares, diabetes e vários tipos de câncer. A sóbria revista britânica de saúde pública, em cujo editorial se encontra essa advertência, é corroborada por publicação científica americana voltada para doenças cardiovasculares que mostra a maior probabilidade de o alto consumo de carne se associar à obesidade. Trata-se de um padrão alimentar não apenas nocivo aos indivíduos mas que representa também um uso predatório dos recursos cada vez mais escassos diante de um planeta cuja população ainda vai crescer um terço e que ainda tem pela frente o desafio de eliminar os que hoje se encontram em situação de fome”.
Foto: Creative Commons
FONTE: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/muito-alem-da-economia-verde/2012/07/19/alimentos-obesidade-e-agronegocio-sao-temas-importantes-no-livro-muito-alem-da-economia-verde-de-ricardo-abramovay/

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