Doenças relacionadas custam R$ 488 milhões todos os anos aos cofres públicos
Há, ao todo, 14,8 milhões de brasileiros obesos, quase a metade dos obesos dos EUA (Crédito: Agência Brasil)
BRASÍLIA – Portaria do Ministério da Saúde, publicada
ontem (20) no Diário Oficial da União, redefine as diretrizes para a
prevenção e o tratamento do sobrepeso e da obesidade como linha de
cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas.
O documento, que cria a Linha de Cuidados Prioritários do Sobrepeso e da
Obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), foi assinado anteontem (19)
pelo ministro Alexandre Padilha.
A nova linha define como será o cuidado, desde a orientação e o apoio à
mudança de hábitos até os critérios rigorosos para a realização da
cirurgia bariátrica, considerada pela pasta como último recurso para
obter a perda de peso.
A portaria prevê atividades dentro da atenção básica para o cuidado do
excesso de peso e de outros fatores de risco associados ao sobrepeso e à
obesidade, além do atendimento em serviços especializados. A atenção
básica deverá oferecer diferentes tipos de tratamentos e acompanhamentos
ao usuário, incluindo atendimento psicológico.
Segundo o ministério, a pessoa com sobrepeso ou com índice de massa
corporal (IMC) igual ou superior a 25 poderá, por exemplo, ser
encaminhada a um polo da academia da saúde para a realização de
atividades físicas e a um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) para
receber orientações sobre alimentação saudável e balanceada.
A publicação também reduz de 18 para 16 anos a idade mínima para
realizar a cirurgia bariátrica, em casos em que há risco ao paciente.
Segundo o governo, a iniciativa foi tomada com base em estudos que
apontam o aumento crescente da obesidade entre adolescentes.
A idade máxima para passar pela cirurgia, que até então era 65 anos,
também foi alterada. Com a portaria, o fator determinante não será mais a
idade, e sim a avaliação clínica (risco-benefício).
CUSTO
As doenças relacionadas à obesidade custam R$ 488 milhões todos os anos
aos cofres públicos, informou nesta terça-feira (19) o Ministério da
Saúde. Dados divulgados pela pasta indicam que 25% desse valor
destina-se a pacientes com obesidade mórbida, que, segundo o ministro
Alexandre Padilha, custam cerca de 60 vezes mais do que uma pessoa obesa
sem gravidade.
A pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que apontou esses valores
considerou dados de internação e de atendimento de média e alta
complexidades relacionados ao tratamento da obesidade e de outras 26
doenças relacionadas, como alguns tipos de câncer, isquemias cardíacas e
diabetes.
A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), feita em 2011 pelo
Ministério da Saúde, revelou que a proporção de obesos subiu de 11,4%
para 15,8% entre 2006 e 2011.
Ao todo, há 14,8 milhões de brasileiros obesos. O número equivale à quase metade dos obesos dos Estados Unidos.
Quem fez cirurgia bariátrica deve
evitar ingestão de bebida alcoólica
BRASÍLIA – As pessoas que fizeram cirurgia bariátrica devem evitar a
ingestão de bebida alcoólica, conforme recomendação de Simone
Marchesini, coordenadora-geral de psicologia da Comissão de
Especialidades Associadas, da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica (SBCBM). “A sensibilidade ao álcool aumenta
depois da cirurgia e, além disso, é um líquido com alto valor calórico”,
disse.
Mário Carra, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), concorda com Simone. Ele
explicou que o álcool é absorvido mais rapidamente por quem fez a
cirurgia bariátrica, e isso acelera a embriaguez. Constatou que muitos
trocam a compulsão por comida pela compulsão por bebida. “A recomendação
é não beber álcool, e isso é explicado desde antes da cirurgia”, disse
Carra.
Segundo ele, a cirurgia bariátrica não cura a obesidade, ela controla.
“A pessoa tem que entender que obesidade é doença crônica. Se o paciente
não se controla, se não adota os exercícios físicos e uma nova
alimentação, ele vai voltar a ganhar peso. A cirurgia é só metade do
caminho do paciente obeso”, ressaltou.
Almino Ramos, presidente da SBCBM, declarou que essa consciência de
mudança de estilo de vida a pessoa que passou por uma cirurgia
bariátrica tem que ter. “É preciso fazer uma reeducação alimentar,
passar a fazer atividades físicas, ter horários para comer, comer
devagar, seguir o uso de determinados suplementos. Alguns pacientes não
se adaptam a esse programa e correm riscos de ter resultados inferiores
aos previstos, voltam a ganhar peso ou a ter os problemas de saúde de
antes”, disse.
FONTE: http://www.diariopopularmg.com.br/vis_noticia.aspx?id=4897
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