José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Obesidade infantil

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Obesidade infantil


Escolas podem ajudar, com a merenda e projetos, na diminuição do problema
Nas escolas municipais, cardápio segue determinação do Programa Nacional de Alimentação Escolar 
(Foto: Antonio Trivelin)



André Luís Cia 

Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada entre os anos de 2008 e 2009, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontou que uma em cada três crianças com idade entre cinco e nove anos estavam com peso acima do recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde. Entre os jovens de 10 a 19 anos, um em cada cinco apresentaram excesso de peso. São muitos os fatores que desencadeiam a obesidade, como hábitos alimentares incorretos e o sedentarismo. Nessa luta contra a balança e as consequencias que a obesidade pode desencadear em crianças e jovens, as escolas podem tornar-se grandes aliadas. 

Segundo a nutricionista Elisa Coleone Lima, o fato de os estudantes passarem parte do dia na escola e, em alguns casos, o período integral, isso pode auxiliá-los na mudança de hábitos incorporando uma dieta mais nutritiva. Neste caso, as merendas têm papel decisivo. Ela explica que a escolha dos alimentos é determinada por diversos fatores psicológicos, socioeconômicos e culturais e que a rigidez não é recomendada. 'Deve haver flexibilidade evitando-se as proibições e compensando os desequilíbrios com uma alimentação adequada todos os dias', orienta. 

Elisa aponta que um dos grandes vilões da obesidade infantil ocorre devido ao desmame precoce e à introdução inadequada de alimentos complementares - consumidos durante o aleitamento-, somados à oferta de alimentos ricos em açúcar, gordura e sódio. Ela justifica que os hábitos alimentares são adquiridos durante toda vida, mas que os primeiros anos são importantes para a adoção de boas atitudes que, normalmente, são transferidas para a vida adulta evitando vários tipos de doenças, como a própria obesidade. A nutricionista defende que a participação da família durante esse processo é fundamental.'Temos que trabalhar a questão da boa alimentação nas escolas e estes princípios também precisam ser reforçados em casa', alerta. 

Os estudantes Izaias Ferreira Lima, nove anos e Gabriela dos Santos Lima, 10 anos, mudaram a alimentação em casa após participarem da criação de uma horta escolar, projeto que envolveu todos os alunos da Escola Municipal Olivia Capranico, no Mario Dedini, em Piracicaba. 'Eu não gostava de verdura e agora peço para minha mãe fazer em casa', diz Izaias. 

No caso de Gabriela, ela justifica que mesmo podendo trazer alimentos de casa, que acostumou-se com o projeto do 'lanche saudável', que permite que de segunda a quinta-feira, os alunos levem lanches, desde que nutritivos e sadios. A única exceção acontece às sextas-feiras, quando o menu é liberado e são permitidos doces, salgadinhos e refrigerantes. 'Depois que comecei a me alimentar aqui na escola mudei também os hábitos em casa e só como alimentos diferentes na sexta-feira e nos finais de semana', diz. 

Mas não são apenas os alunos maiores que adaptaram-se à alimentação natural. Na manhã da última terça-feira, a reportagem da Gazeta de Piracicaba acompanhou o preparo e a distribuição da merenda dos alunos do Ensino Infantil. Os pequeninhos João Vitor , Isabela Samproni e Ana Beatriz Silva confessaram que 'adoram a merenda'. Além do tradicional prato de arroz e feijão, dizem que apreciam também as frutas, verduras e legumes. João, por exemplo, disse que não comia chicória, alface e cenoura e que hoje pede para a mãe incluí-los no cardápio de casa. 'Comecei a comer aqui na escola depois de colher e comer a chicória que eu plantei'. 

CONSUMO PRÓPRIO
Dentre as escolas estaduais de Piracicaba, a Honorato Faustino, no São Dimas, se destaca por ter incentivado a plantação e o cultivo de uma horta e também por receber o projeto 'Galinha Feliz', patrocinado pela Esalq, que doou em julho do ano passado 20 galinhas para que os alunos participassem do recolhimento dos ovos que são aproveitados no preparo da merenda. 
Segundo a coordenadora Selma Aparecida Bueno Foltran, a ideia foi aproveitar o espaço ocioso que havia no local para criar as galinhas e também para cultivar a horta. No total, 200 alunos, divididos em sete turmas se revezam nas atividades. Esta semana, houve a primeira colheita dos alimentos, plantados pelos estudantes, dentre eles, alface, agrião, beterraba, jiló, chicória, cenoura e temperos variados, como orégano, manjericão e salsinha.

Como é a merenda 
Nas escolas municipais de Piracicaba há diferentes tipos de merenda. Nas de Ensino Fundamental e Médio, são servidas duas refeições por aluno, totalizando 36 mil refeições por dia. Ela tem caráter suplementar, ou seja, fornece quantidade de nutrientes suficientes para manter o aluno no período que ele permanecer na instituição. Nas escolas de Ensino Infantil, são servidas duas refeições e; nas de período integral, quatro, totalizando 39 mil refeições por dia. Existem ainda as instituições filantrópicas e Emecs (Escolas Municipais de Educação Complementar). O total é de 80,5 mil refeições por dia. 

Segundo a gerente da divisão de merenda da Secretaria de Educação de Piracicaba, Daisy Diniz Paulo Eluf, o cardápio segue determinação do Programa Nacional de Alimentação Escolar e são planejados por nutricionistas utilizando vários gêneros, como arroz, feijão, macarrão e carnes. Eles atendem às necessidades nutricionais estabelecidas que preveem, no mínimo, 30 % das necessidades nutricionais diárias dos alunos matriculados na educação básica, em período parcial e; no mínimo, 70% das necessidades nutricionais diárias dos alunos matriculados na educação básica, em período integral. 

Procurada para comentar como é o funcionamento da merenda nas escolas estaduais de Piracicaba, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Educadores defendem projetos 
As educadoras Cristiane Gomes Salati e Janine Athanasio, que trabalham na Escola Municipal Olivia Capranico, respectivamente, como diretora e coordenadora, defendem que a prática de ações educativas, como a do plantio e cultivo de horta são importantes também no processo de disseminação do assunto em família. Elas apontam que antes da implantação do projeto, que foi realizada uma oficina com os pais de alunos incentivando-os a implantarem a ideia também em suas residências. 'O projeto foi bem aceito por toda comunidade', disse Cristiane. 

Segundo o diretor da Escola Estadual Honorato Faustino, João Marcos Tomaziello, que mantém dois projetos importantes na área alimentar: o da 'horta educativa' e da 'Galinha Feliz', em parceria com a Esalq (na qual galinhas foram doadas e os alunos recolhem os ovos), o diferencial positivo é o envolvimento e o interesse de alunos, professores e funcionários. 'Fico ansioso esperando o momento da colheita para que os alunos possam consumir o que produziram. A horta contagiou a escola.' diz. Para o dirigente regional de ensino de Piracicaba, Oldack Chaves, o trabalho pedagógico voltado para a qualidade de vida e a conscientização dos alunos é um dos caminhos para que a aprendizagem se dê também fora das paredes da sala de aula.

FONTE: http://www.rac.com.br/projetos-rac/correio-escola/148461/2012/10/08/obesidade-infantil.html

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