Foto: Kris Tavares
Danusa Vieira está com vontade de desistir da cirurgia, embora saiba que corre risco de morte
Danusa Vieira está com vontade de desistir da cirurgia, embora saiba que corre risco de morteDanusa Vieira, 29 anos, começou a ganhar peso há nove, quando iniciou sua luta; hoje, ela pesa mais de 142 quilos
"Estou a ponto de desistir; não aguento mais." É com essas palavras de desespero que a comerciante Danusa Vieira, 29 anos, resume sua batalha de oito anos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS), para fazer uma cirurgia de redução de estômago.
A princípio, ela diz que procurou o posto de saúde do seu bairro, que a encaminhou para o gastroenterologista do Núcleo de Gestão Assistencial (NGA-3) de Araraquara. Lá, foi informada que o Município não realiza esse tipo de cirurgia. O local mais próximo em que o procedimento pode ser realizado é o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Com documentos em mãos e recomendações de médicos de várias especialidades, Danusa foi à Secretaria Municipal da Saúde, onde foi orientada a voltar ao posto de saúde. Segundo ela, o ciclo vem se repetindo.
Cansada, Danusa conta que a partir de uma carta escrita pelo vereador Aluisio Braz conseguiu ser atendida na Defensoria Pública. Isso foi em 2009, mas, até o momento, não obteve nenhum retorno.
O índice de massa corporal (IMC) de Danusa é 53, ela tem diabetes tipo 2, hipertensão e teve início de derrame. Para o médico gastroenterologista Jorge Hage Zbeidi, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, com este IMC a cirurgia bariátrica não é indicada. "O ideal é que o IMC se aproxime de 40". Ele enfatiza ainda que toda cirurgia, até a mais simples, envolve riscos.
Ação de Danusa está em trâmite
A Defensoria Pública de Araraquara diz que Danusa foi ao órgão público em agosto de 2010. O caso foi encaminhado ao defensor público Frederico Teubner de Almeida e Monteiro, que encaminhou ofício à Secretaria Municipal da Saúde.
Danusa foi ao órgão em setembro do mesmo ano e disse que, segundo a Unidade Básica de Saúde (UBS), a cirurgia poderia ser agendada para 2019, mas que não pretendia esperar até lá, tendo em vista a urgência.
Segundo a Defensoria Pública, Danusa interrompeu vários atendimentos obrigatórios pré-cirúrgicos e foi orientada a continuar. Em janeiro deste ano, o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública indeferiu o pedido de realização da cirurgia, ao que se seguiu interposição de recurso pelo defensor.
O processo tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública e existe recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo, interposto pela Defensoria Pública, visando imediata realização da cirurgia.
Município monitora 32 pacientes com a doença
Hoje, 32 pacientes recebem acompanhamento de profissionais da Secretaria Municipal da Saúde, em casos considerados de obesidade mórbida. A cidade não faz cirurgia bariátrica pelo sistema público de saúde, sendo o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto o responsável pelo procedimento. Encaminhados por médicos das unidades de saúde, os pacientes são acompanhados por nutricionistas e psicólogos antes da cirurgia e na fase de recuperação.
FONTE: http://www.jornalacidade.com.br/editorias/cidades/2013/02/15/jovem-com-obesidade-morbida-aguarda-8-anos-por-cirurgia.html
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