José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: O desafio de conter a obesidade

quinta-feira, 22 de março de 2012

O desafio de conter a obesidade

A obesidade é um problema importante de saúde pública em alguns países desenvolvidos e até nos países em desenvolvimento. Nos EUA, quase 40% da população pode ser considerada obesa.
Na Inglaterra o número ultrapassou 25% e no Brasil, infelizmente, caminhamos rapidamente para alcançar os patamares americanos (que bem poderíamos alcançar em outros quesitos).
A obesidade decorre de um conjunto de fatores que vão desde o acesso fácil a alimentos de alto conteúdo calórico, mas passam pelo sedentarismo e até por aspectos culturais como o consumismo que permeia estas sociedades.
Obesidade é uma síndrome e como tal não pode ser tratada de maneira única e todos os seus componentes devem ser atacados com igual afinco. Suas consequências médicas e sócio-econômicas são devastadoras.
O espectro das doenças associadas com ou causadas pela obesidade vão da famosa síndrome metabólica até a asma e outras doenças imunológicas e o câncer. As mudanças climáticas também parecem ter um papel influenciando comportamentos.
Há ainda mais de sessenta genes descritos na literatura médica com associações descritas com a obesidade e relacionados a tudo, desde o metabolismo de glicose até aspectos da neuroquímica do cérebro e, conquanto alguns possam repudiar esta possibilidade, associados com comportamentos específicos.
O caminho cirúrgico tem sido trilhado por muitos e, apesar deste tipo de intervenção comemorar mais de 30 anos, ainda há muita controvérsia cercando a escolha da técnica cirúrgica ideal para cada paciente e a indicação correta da cirurgia.
Assim, também o caminho medicamentoso para o tratamento da obesidade tem sido adotado sem os critérios necessários, e, em uma doença aparentemente previnível, o tratamento, qualquer que seja, vem apenas mitigar os efeitos do problema já em fase avançada.
Na maioria dos países que enfrentam problemas com a obesidade, as políticas públicas são inanes em controlar esta epidemia, em grande parte pelo despreparo dos governantes para lidar com questões complexas, mas também por que a ciência não tem apontado caminhos inequívocos para lidar com este problema multifatorial.
Hoje, há questões importantes sobre como a ciência pode realmente ajudar a definir estratégias para o controle, prevenção e tratamento da obesidade.
O debate sobre que tipo de pesquisa se faz necessária, se a pesquisa de tradução deve ter privilégio absoluto, quanto do dinheiro investido em pesquisa deve ser direcionado para a área de psicologia/sociologia e psiquiatria são algumas das questões que cercam o futuro da "ciência da obesidade".
Mas, uma coisa é certa: enquanto as intervenções forem baseadas em impressões, elas terão menores chances de serem eficientes. Qualquer esforço é louvável, mas se ele for pautado pelo conhecimento ele será louvável e útil.
Luiz Vicente Rizzo é diretor-superintendente de pesquisa do Instituto de Ensino Albert Einstein
FONTE: http://www.brasileconomico.ig.com.br/noticias/o-desafio-de-conter-a-obesidade_114293.html

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