As mudanças no padrão alimentar, a redução da prática de atividades físicas nas horas de lazer e o aumento no consumo de alimentos com alto valor calórico acenderam um alerta vermelho para o Ministério da Saúde sobre os hábitos das crianças e adolescentes à mesa. Ao perceber que uma em cada três crianças de 5 a 9 anos no país foi diagnosticada como obesa, o governo federal criou a 1ª Semana de Mobilização Saúde na Escola. No Recife, alunos de 63 unidades de ensino estão sendo medidos, pesados e tendo a pressão arterial aferida desde a última quarta-feira. Vinte e duas escolas de Jaboatão dos Guararapes também aderiram à campanha. Alunos de 5 a 19 anos foram avaliados por nutricionistas que buscam identificar o número de crianças obesas nas cidades. Os dados serão enviados para Brasília e contabilizados pelo Ministério da Saúde.
O Diario acompanhou o trabalho de avaliação e orientação nutricional feita por médicos, enfermeiros e nutricionista do Programa de Saúde da Família numa escola do Alto do Pascoal, Zona Norte do Recife. Um em cada cinco alunos foi diagnosticado como obeso. “Alguns casos eram de obesidade grave. Além disso, detectamos casos de obesidade e alunos com sobrepeso”, revelou a nutricionista Deise Lima.
O número assustou a equipe da escola, que tem quase 450 alunos. O cuidado com a alimentação é um dos pilares educacionais da Escola Municipal São João Batista. No cardápio do almoço das crianças, frango grelhado, verdura cozida no vapor, arroz branco, pirão de peixe e outros pratos preparados com cuidado. A sobremesa geralmente é salada de frutas. “Nosso cuidado com a alimentação e com bons hábitos dos estudantes é grande. Incentivamos o consumo de comidas saudáveis, mas nosso trabalho não surte o mesmo efeito se a família não colaborar”, frisou a coordenadora pedagógica Maria José Carvalho.
Durante a avaliação na escola, a pequena Jacilaine do Vale, 9 anos, foi diagnosticada como obesa. Ela tem 1,27m e pesa 54 kg. Sente-se envergonhada pelo corpo arredondado, mas diz que não consegue parar de comer as delícias disponíveis na geladeira e armários da casa. A menina já veste roupas de adultos. Suas calças são tamanho 42. “Tento não incentivar os maus hábitos alimentares dela, mas é muito difícil dizer não para meus filhos”, contou a mãe, Jacira Arruda, 27 anos, que, mesmo reconhecendo o problema da filha, confessou que não deixa de comprar refrigerantes, biscoitos, salgadinhos e outras guloseimas. Todos os produtos ficam ao alcance da menina.
Crianças e adolescentes com o problema de Jacilaine são cada vez mais numerosos no Brasil. O último dado estatístico sobre obesidade infantil é de 2010 e se refere à pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 do IBGE. Os números apontam que, nas últimas duas décadas, os casos de obesidade mais do que quadruplicaram entre crianças de 5 a 9 anos, chegando a 16,6% entre meninos e 11,8% em meninas.
Fonte: Diario de Pernambuco
FONTE: http://www.simepe.org.br/novoportal/?p=4756
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