José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Escolas investem em refeição saudável

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Escolas investem em refeição saudável

Em uma corrida contra os apelos da mídia e das empresas alimentícias, que empurram às crianças produtos recheados de açúcar, gordura e sal, as redes municipais de ensino do Grande ABC investem em programas de alimentação saudável. O objetivo é estimular o consumo de produtos naturais, ricos em vitaminas e sais minerais, formando assim adultos mais saudáveis e livres do mal que aflige a sociedade contemporânea: a obesidade.
Em Santo André, estudo realizado com alunos de cinco escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, feito durante o ano de 2011, revelou que 35% dos alunos entre 6 e 10 anos estão com sobrepeso. Em média, a cada três crianças, uma não passou no teste da balança. No total, 2.571 estudantes foram avaliados, sendo que 906 deles apresentaram comprometimento pelo excesso de peso ou por apresentar evidências de obesidade moderada ou grave.
As escolas avaliadas foram Elaine Cena, Dom Jorge Marcos de Oliveira, Machado de Assis, Chico Mendes e Cora Coralina. Neste ano, alunos de outras duas escolas passarão por avaliação antropométrica. A intenção é de que todos os estudantes do Ensino Fundamental participem do programa. O trabalho está sendo feito pelo Departamento de Assistência à Saúde em conjunto com a equipe de nutrição da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), que mantém a Cozinha Central, local onde são feitas as merendas de 51 escolas municipais, 66 estaduais e 19 em tempo integral, além de 28 creche. No total, são atendidos 115 mil alunos.
"Houve tempo em que a merenda era confeccionada com produtos industrializados, já que a compra dos ingredientes era feita pelo governo federal e distribuída em todo território nacional. Com o passar dos anos, esse sistema mudou e cada município pôde implantar sistema próprio, desde que sejam seguidos os preceitos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar)", explica a supervisora de alimentação escolar de Santo André, Alessandra Martins Souza.
A intenção do projeto Saúde na Escola é oferecer cada vez mais alimentos in natura, com cardápios mais ricos. "A escola está, nos últimos anos, invertendo os papéis. Antigamente, eram as mães que preparavam uma refeição saudável, mas hoje em dia, com o ritmo alucinante que vivemos, as pessoas tem menos tempo para cozinhar. Criou-se o hábito de oferecer fast food. Com isso, a escola é, muitas vezes, o local onde a crianças faz as principais refeições do dia. Por isso a preocupação em preparar pratos mais saudáveis aos pequenos", afirma.
As crianças que participam do estudo e se enquadram no diagnóstico de sobrepeso ou obesidade passam por atendimento médico.
Projeto rende frutos em São Caetano
Implementado no ano passado em seis escolas municipais de Ensino Infantil e uma de Ensino Fundamental, o projeto Alimentação Saudável, da Prefeitura de São Caetano, apresentou aos estudantes e pais os benefícios de uma refeição balanceada. A ideia é ampliar a atuação na rede municipal.
Segundo a nutricionista Rosana Ana Bettini, responsável pelo projeto, a intenção é estimular os pequenos a introduzir alimentos saudáveis na dieta, tanto na escola como em casa. "A criança é um elemento- chave na família. Se ela consome frutas, legumes e verduras na escola, passa a pedir esse cardápio também em casa. Isso estimula que todos tenham uma vida mais saudável", explica.
O trabalho foi realizado em três eixos: palestras com os pais sobre hábitos alimentares e a importância de oferecer produtos mais saudáveis nas refeições. "As mães precisam passar mais tempo na cozinha, preparando os alimentos. Isso acaba influenciando as crianças a consumir a refeição", diz Rosana. O segundo ponto foi a promoção de oficinas com os alunos, explicando sobre a pirâmide dos alimentos e a importância dos itens na dieta.
Por fim, foram montadas hortas nas escolas. "Os estudantes puderam acompanhar o processo de semeadura, crescimento e colheitas dos legumes e verduras. Muitos não sabiam sequer que eles são produzidos desta forma. Criou-se um vínculo com os alimentos e pudermos incorporar outras disciplinas com a biologia no aprendizado", relata.
CARDÁPIO VARIADO - A preocupação com o cardápio das merendas também é levado a sério na rede de ensino da cidade. Arroz, feijão, carnes, legumes, verduras e frutas frescas são oferecidos aos estudantes, que reconhecem a beleza de um prato mais colorido.
Mauá fará pesagem de crianças de até 2 anos
O Departamento de Alimentação Escolar de Mauá também planeja implantar neste ano projeto de pesagem de pré-escolares até 2 anos e acompanhamento médico a partir do diagnóstico. São atendidas 37 escolas, três unidades do Sesi,três entidades filantrópicas conveniadas e 11 instituições que atendem programas da Assistência Social, totalizando 28,5 mil refeições.
As crianças que possuem patologias associadas à alimentação, tais como diabetes, alergias e intolerâncias recebem orientação de nutricionista e têm o cardápio alterado, com produtos específicos para tal patologia, por meio do Programa Dietas Especiais. As unidades escolares enviam o laudo médico para a Secretaria de Segurança Alimentar aos cuidados da nutricionista. Esta, a partir do cardápio oferecido para a rede, elabora orientação com as restrições específicas. A especialista vai até a escola, onde orienta as merendeiras quanto às modificações na lista de pratos.
Em 2011, a Secretaria de Segurança Alimentar, em parceria com a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) ofereceu curso de educação a distância aos educadores da rede municipal. O objetivo foi proporcionar aos professores formação relacionada à educação nutricional no ambiente escolar.
Merendeiras reaproveitam 100% dos alimentos
A merendeira Marilene Luíza da Silva, 51 anos, que comanda a cozinha da Escola Municipal Engenheiro Carlos Rohm, em Ribeirão Pires, participou de vários cursos para aperfeiçoar técnicas de reaproveitamento de alimentos. Nas panelas há de tudo, como folhas, talos e cascas que antes iam para o lixo.
"A comida fica muito nutritiva, com muitas fibras. Tanto que alunos que repetiam a refeição até quatro vezes, hoje repetem apenas duas vezes e se dizem satisfeitos. Isso se dá porque utilizamos integralmente os alimentos, extraindo todos os benefícios", afirma. Segundo Marilene, um dos maiores sucessos entre os estudantes é o suco de casca de abacaxi. Até mesmo as sementes são aproveitadas nas receitas.
Assim como ela, as merendeiras de escolas municipais e estaduais do município receberam, em novembro, formação oferecida pelo Departamento de Suprimento Escolar, órgão da Secretaria Estadual de Educação. O objetivo era melhorar os hábitos alimentares dos estudantes da rede de ensino.
De acordo com a secretária de Educação e Inclusão, Rosi Ribeiro de Marco, em bairros mais carentes percebe-se que merenda oferecida na escola é, muitas vezes, a única que a criança receberá no dia.
FONTE: http://www.dgabc.com.br/News/5942800/escolas-investem-em-refeicao-saudavel.aspx

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