A má alimentação combinada com a falta de atividade física regular faz com que os vasos sanguíneos de indivíduos obesos se fechem com o passar dos anos, levando até ao seu desaparecimento parcial, comprometendo de forma significativa a microcirculação do fluxo sanguíneo. Estudo realizado em parceria pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) observou que a obesidade prejudica a função microvascular o organismo. Dependendo do excesso de gordura, os microvasos podem entupir e ‘secar’, gerando pane no sistema circulatório responsável pelo transporte e distribuição do sangue nos tecidos e órgãos. Os resultados apontam que a obesidade traz impactos para a microcirculação sanguínea da pele retroalimentando a própria condição de sobrepeso.
O alvo da investigação foi a epiderme, mais extenso órgão humano. “Verificamos essa condição na pele, que é um marcador sistêmico e que serve como uma espécie de janela para observar o que está acontecendo internamente”, afirma Eduardo Tibiriçá, pesquisador do Laboratório de Investigação Cardiovascular do IOC/Fiocruz e coordenador do estudo. Esta rarefação microvascular leva à redução do fluxo sanguíneo nos vasos, causando doenças em órgãos essenciais como o coração, o cérebro e os rins. “No pior das hipóteses, ocasiona a apoptose que é a morte celular programada”, informa o especialista.
Arte: Leandro Vaz / IOC |
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Sinal de alerta. Dados da pesquisa [VIGITEL 2010] realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com a USP, apontam que entre as 26 capitais e o DF, a cidade de Cuiabá (MS) possui o maior percentual de adultos obesos (19%). O Rio de Janeiro vem em 10º lugar no ranking (16%). O Distrito Federal é o último da lista com 10%. A pesquisa avaliou 54.339 adultos (maiores de 18 anos) residentes em domicílios com telefone fixo entre janeiro e dezembro do ano passado. |
“O mais interessante deste estudo é que essas alterações na microcirculação do sangue estão envolvidas, na origem, no que chamamos de lesões de órgãos-alvo [coração, cérebro e rins], ocasionando complicações nestes órgãos nobres do nosso organismo. Esta alteração pode conduzir a uma degeneração, ocasionando insuficiência cardíaca, renal e lesões cerebrais ao longo do tempo. Isto é importante do ponto de vista da prevenção epidemiológica”, explica.
Um complicador
O estudo foi além: comparou os impactos da obesidade sobre a microcirculação vascular entre indivíduos que possuem e indivíduos que não possuem síndrome metabólica. Considerada um mal moderno, assim como a obesidade, a síndrome metabólica é um quadro causado por uma associação de fatores de risco que incluem obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares. A circunferência do abdômen é a principal forma de mensuração da síndrome metabólica. Quanto maior a circunferência, maiores as chances do surgimento de doenças cardiovasculares.
Para saber mais sobre a síndrome metabólica clique aqui.
“Detectamos que os pacientes obesos que tinham síndrome metabólica possuíam muito mais problemas na microcirculação do que em pessoas obesas sem a síndrome”, conta Tibiriçá. Participaram da pesquisa 45 pacientes entre 30 e 45 anos com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 40 kg/m2 num grupo de 288 indivíduos com diferentes graus de adiposidade. Os pacientes foram encaminhados ao Laboratório de Clínica e Fisiopatologia Experimental (CLINEX) da UERJ, no primeiro semestre de 2006.
“Detectamos que os pacientes obesos que tinham síndrome metabólica possuíam muito mais problemas na microcirculação do que em pessoas obesas sem a síndrome”, conta Tibiriçá. Participaram da pesquisa 45 pacientes entre 30 e 45 anos com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 40 kg/m2 num grupo de 288 indivíduos com diferentes graus de adiposidade. Os pacientes foram encaminhados ao Laboratório de Clínica e Fisiopatologia Experimental (CLINEX) da UERJ, no primeiro semestre de 2006.
Prevenção em meio a epidemia
O especialista explica que a obesidade é considerada atualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia mundial, incluindo países em desenvolvimento como o Brasil. Ele afirma ainda que é uma doença associada ao desenvolvimento de outras patologias, tais como doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio), acidente vascular cerebral (derrame) e diabetes.
De acordo com o pesquisador do IOC, a rotina de exercícios físicos é fundamental para controle de peso e deve ser mantida para uma melhoria das condições de vida dos indivíduos. “As recomendações são clássicas e incluem atividade física regular e de intensidade moderada associada a mudanças de hábitos alimentares. É desta forma que se combate o excesso de peso e a obesidade”, conclui.
João Paulo Soldati
FONTE: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1351&sid=32
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