José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Alimentação e obesidade: como enfrentar o problema

domingo, 4 de dezembro de 2011

Alimentação e obesidade: como enfrentar o problema

Ipanema Online

Governo e segmentos da sociedade civil estão discutindo a elaboração de um plano de prevenção e controle da obesidade, a ser lançado ainda neste ano. Políticas públicas de combate à obesidade, como essas, têm pela frente o desafio de reverter o avanço da obesidade, a quinta causa de mortes em todo mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os dados são alarmantes. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a doença já assume contornos de epidemia no país, afetando aproximadamente 65% da população adulta, sendo metade pelo sobrepeso e mais de 15% pela obesidade.

Por trás do problema, há diversos fatores, como os genéticos, os psiquiátricos e os alimentares.  A professora Luciane Lopes Sant’ana Araújo, que coordena o curso de Nutrição da Universidade de Sorocaba (Uniso), fala sobre a relação entre os hábitos de alimentação e a obesidade.

1. A melhoria da alimentação é uma recomendação no combate aos problemas relacionados à obesidade, que já afetam mais da metade dos brasileiros. O fast-food é o maior vilão? São bem-vindas intervenções como a que o Chile pretende fazer, de restringir a venda desse tido de comida?

O fast-food é um dos fatores que contribuem para escolhas inadequadas, principalmente frente à diversidade de opções desse tipo de alimento, com pratos muitas vezes ricos em gorduras, sal e açúcar. Além disso, o ambiente dos fast-food contribui negativamente para a ingestão rápida das refeições. São espaços pouco ventilados e quase sempre com muita poluição sonora, o que contraria as orientações que promovemos quanto à ambiência adequada, o que inclui também boas condições de higienização e segurança alimentar. Hoje, quaisquer políticas de saúde bem planejadas e que tenham objetivos claros são bem-vindas. O que ocorre infelizmente em nosso país é que muitas dessas estratégias não têm o alcance esperado. De qualquer forma, o Chile tem proposto algumas estratégias que podem ser encaradas como extremismo e isto, na Nutrição ou em outras ciências relacionadas à Saúde Pública, não é bem visto, principalmente por que essas medidas acabam não tendo o alcance desejado.
FONTE:  http://www.jornalipanema.com.br/novo/Educa%C3%A7%C3%A3o/ALIMENTACAO+E+OBESIDADE:+COMO+ENFRENTAR+O+PROBLEMA.html

2. Como a senhora avalia as políticas públicas de combate ao problema no Brasil?

O Brasil mudou substancialmente nos últimos 50 anos. Hoje, encontramos uma nova equação demográfica, caracterizada pela baixa fecundidade e reduzida mortalidade infantil e pré-escolar e a expectativa de vida média já supera os 67 anos. Essas transformações fundamentam uma mudança importante na geração de renda, estilos de vida e, especificamente, nas demandas nutricionais.

Uma família menor, com melhores condições de renda pode gastar mais com alimentação. Além disso, nos últimos 25 anos melhoraram, significativamente, o acesso, a cobertura e a resolutividade das ações de saúde, e das condições de saneamento. Essas condições caracterizam um processo de Transição Nutricional do País, em que, de forma inesperada, a obesidade vem crescendo, principalmente entre a população de baixa renda. No entanto, o problema do sobrepeso/obesidade ainda não tem sido devidamente combatido, embora enfaticamente valorizado no documento sobre a política nacional de alimentação e nutrição.

3. O IBGE constatou que o brasileiro está se alimentando mal, consumindo produtos ricos em carboidratos e gordura e poucas frutas e verduras. Quais ações podem ajudar a reverter esse quadro?

Informar e orientar a população. Alimentação saudável e atividade física são o melhor caminho para a prevenção do excesso de peso. Isso implica, entre outras coisas, em comer frutas e verduras variadas; consumir feijão pelo menos quatro vezes por semana; nunca pular refeições; evitar alimentos gordurosos, refrigerantes e salgadinhos industrializados, além de aumentar a atividade física diária, se movimentar. Subir escadas em vez de usar o elevador, evitar ficar sentado por longos períodos e praticar 30 minutos de atividade física todos os dias.

4. A obesidade é um problema que começa na infância. Pesquisa mostra que 33,5% de crianças de 5 anos, entre 2008 e 2009, apresentavam problemas de peso. Qual o papel dos pais e da escola?

Pais, família, escola e sociedade são modelos para a criança e, portanto, agentes de mudança que têm a função de levar a informação correta e a orientação adequada para cada estágio de vida. Os hábitos alimentares são o resultado das experiências apreendidas ao longo da vida. Portanto, é possível, com algum esforço e técnicas eficazes de educação, reformular esses hábitos, corrigindo erros e distúrbios nutricionais. Em todas as frentes, na família e na sociedade, o sujeito deve ser ativo no processo de aprendizagem sobre alimentação saudável e sua importância para a saúde

5. Um estudo da USP/Esalq revela que o chá verde realmente funciona no combate ao excesso de peso e obesidade. Há outras bebidas ou alimentos que, comprovadamente, têm essa função?

Não existe nenhum alimento mágico que poderíamos dizer ou mesmo afirmar que tenha efeito de combater a obesidade, que é uma condição patológica de caráter crônico. Alimento mágico não existe e sim uma reorganização dos hábitos alimentares e do comportamento frente à alimentação.

6. A proximidade do verão inspira muitas pessoas a recorrer a dietas. Esse hábito mostra que os cuidados com a alimentação, em muitos casos, possuem um caráter temporário e não se sustentam em longo prazo. Como manter uma dieta balanceada, se alimentando com prazer e de forma saudável?

As práticas incorretas de controle de peso muitas vezes estão associadas à insatisfação pessoal e à baixa autoestima, o que leva muitos indivíduos a colocarem em prática modificações temporárias no padrão alimentar, com restrições alimentares severas, as chamadas “dietas de modismo”. Contudo, as práticas alimentares são práticas sociais, determinadas por influências culturais, pelo modo de vida. Cabe ao indivíduo escolher o que irá ajudá-lo a melhorar seu estado de saúde e bem-estar e, para isso, informação e conhecimentos nutricionais, estímulo pessoal e do núcleo familiar, além de mudança do comportamento alimentar são fundamentais. (Assessoria de Comunicação/Uniso)

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