José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Bypass no cérebro será testado contra a obesidade

terça-feira, 31 de julho de 2012

Bypass no cérebro será testado contra a obesidade

Usado há quase duas décadas no controlo dos sintomas da doença de Parkinson, o bypass cerebral será testado pela primeira vez para a obesidade mórbida e depressão. A esperança é adicionar mais uma opção ao arsenal de tratamentos, como medicamentos e cirurgia.

As pesquisas serão desenvolvidas no Centro de Neurociência do HCor (Hospital do Coração), no Brasil, em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do IEP (Instituto de Ensino e Pesquisa) do hospital.
Dois neurocirurgiões brasileiros que acabam de voltar ao país depois de uma longa temporada nos EUA serão os responsáveis pelos estudos.
Professores de neurocirurgia na UCLA (Universidade da Califórnia), Antonio De Salles e Alessandra Gorgulho, têm uma vasta experiência na área.
O grupo de pesquisa do qual fazem parte realizou estudos para o tratamento da depressão com essa técnica. E ambos já desenvolveram pesquisas com a estimulação eléctrica cerebral em primatas e suínos para tratar a obesidade mórbida.
«Trata-se de uma ferramenta útil e poderosa que está a ser usada cada vez mais noutras áreas. Com o advento da tecnologia, o potencial de crescimento é enorme», afirma Gorgulho.
No Canadá há uma linha de pesquisa que estuda a técnica para a doença de Alzheimer e a própria dupla já fez estudos em animais para o tratamento de stress pós-traumático.
No tratamento da doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento, eléctrodos são inseridos no cérebro e ligados a um bypass colocado sob a pele.
Através de impulsos eléctricos, os sinais do cérebro que geram tremores e rigidez muscular são inibidos. O tratamento é reversível.
Já para tratar a depressão um dos novos estudos vai testar a eficácia da neuromodulação no nervo trigémeo, cujas fibras carregam informações sensoriais e projectam-nas para estruturas do cérebro envolvidas na doença.
Pela primeira vez, os eléctrodos serão implantados sob a pele nesse nervo e ligados a um bypass para tratar a depressão. A pesquisa deverá ter 22 participantes.
Para a obesidade mórbida o objectivo é implantar eléctrodos cerebrais numa área responsável pela saciedade em seis pacientes que não obtiveram sucesso com a cirurgia bariátrica.
«Também será a primeira vez que os eléctrodos serão implantados nesse alvo do hipotálamo para obesidade. A ideia é verificar a segurança e a sua viabilidade», diz Gorgulho.
Segundo Henrique Ballalai, da Academia Brasileira de Neurologia, um estudo como este faz bastante sentido porque há áreas do cérebro que controlam o apetite.
«Mas há que haver um grande comprometimento; não se pode pensar que a técnica poderá ser usada para estética», diz.
Otávio Berwanger, director do Instituto de Ensino e Pesquisa do HCor, diz que a pesquisa visa uma nova alternativa para os pacientes com obesidade avançada que falharam com todas as opções de tratamento.
Sublinha, porém, que se tratam de pesquisas iniciais, que devem ter início em 2013. Apesar de a técnica cirúrgica ser segura e conhecida, é necessário que os estudos apontem que esta também é eficaz para essas novas aplicações.
FONTE:  http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=583904

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