José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Obesidade "Às claras"

sábado, 14 de julho de 2012

Obesidade "Às claras"


www.sxc.hu/Divulgação
Restrição do sono aumenta apetite por comida gordurosa, apontam novos estudos
Dormir pouco aumenta o apetite por comida gordurosa. É o que revelou um estudo da Universidade Columbia, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, a restrição do sono ativa de maneira diferente os centros de recompensa do cérebro com a exposição a alimentos gordurosos,comparados com pessoas que dormem a quantidade adequada. O estudo foi divulgado no SLEEP 2012, encontro anual das Sociedades de Sono Associadas (APSS, em inglês), em Boston, nos Estados Unidos.

Os resultados indicam que, quando a pessoa dorme pouco, ela acha que os alimentos gordurosos, também conhecidos com “junk food”, são mais salientes, o que leva ao maior consumo deles. Para o estudo, os pesquisadores realizaram ressonância magnética em 25 adultos (homens e mulheres) de peso normal enquanto olhavam para fotos de alimentos saudáveis e gordurosos.

Os voluntários foram divididos em dois grupos: um que dormiu quatro horas durante cinco noites e outro que dormiu nove horas, no mesmo período. Na comparação dos resultados, o grupo que dormiu apenas quatro horas apresentou maior interesse pelos alimentos gordurosos.

Estudos anteriores já haviam indicado que o sono restrito pode aumentar a quantidade de alimento consumido por pessoas saudáveis, assim como o desejo por comidas com altos teores de sal ou de açúcar. Para os pesquisadores do novo estudo, os resultados são informações para relacionar sono, apetite e obesidade.

A relação entre dormir pouco e engordar, segundo o nutricionista Murilo Dattilo, do Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício, da Unifesp, não é mais uma possibilidade: a restrição do sono realmente engorda. Em relação ao estudo, o especialista explica que, quando o indivíduo fica restrito de sono, apresenta alterações de alguns hormônios, uma situação que interfere no comportamento alimentar, que nada mais é do que o balanço entre a vontade de comer e a vontade de parar de comer.

“A restrição do sono faz com que os hormônios que induzem à fome aumentem, e os hormônios que induzem à saciedade sejam reduzidos. Assim, expõe o indivíduo a comer mais e ter uma preferência maior por doces e alimentos ricos em gorduras”, explica.

A neurologista Nely Aragão de Marchi explica que a orexina ou hipocretina, neuropeptídeo produzido no hipotálamo (região que regula o sono), tem ação relacionada à procura de alimento. Segundo a especialista, os neurônios que contêm orexina são ativos durante a vigília e menos ativos durante o sono. “A atividade da orexina é inibida pela leptina, um hormônio de saciedade que é liberado pelos adipócitos (células gordurosas).

Privação prolongada de sono está relacionada à redução na variação diurna da leptina e, consequentemente, diminui a saciedade, aumentando assim a procura de alimentos e o ganho de peso”, diz. Para amenizar os problemas causados pela privação do sono, a neurologista recomenda um cochilo durante o dia ou o aumento do tempo de sono na noite seguinte.

Mas Nely lembra que a restrição crônica das horas de sono apresenta diversas consequências. “Favorece o ganho de peso, diminui a concentração, prejudica a memória, aumenta a chance de erros durante o trabalho, irritabilidade, dores corporais.” Dattilo diz que a quantidade ideal de horas de sono varia de uma pessoa para outra. O valor de sete ou oito horas é uma média populacional.

Existem pessoas que podem precisar de menos e outras mais. “Se uma pessoa dorme quatro horas por noite e não fica sonolenta durante o dia, então essa é a quantidade de sono que ela precisa. Ela nunca vai precisar de oito horas para ter suas funções do corpo em nível ótimo”, explica o nutricionista.


Uma questão ainda intrigante

A relação sono e alimentação ainda é um questionamento sem muitas respostas, segundo Murilo Dattilo. O especialista afirma que existem alimentos que podem ser bem consumidos durante a noite, outros menos. Isso porque o corpo lida de maneiras diferentes com cada alimento. Por exemplo, se fizer uma alimentação às 10 horas da manhã e às 10 horas da noite, o corpo irá reagir de forma diferente.

nutricionista não recomenda o consumo de carboidratos e gordura à noite, pois não é favorável metabolizar carboidrato e gordura. “Mas, fazendo uma relação direta com o sono, o carboidrato parece ser um facilitador do sono, tanto que para indivíduos com problemas de sono pode ser avaliada a inclusão desse tipo de nutriente para favorecimento da indução do sono”, explica.

Dattilo lembra que, além do fato de que dormir pouco favorece o ganho de peso, uma pessoa que dorme pouco e vai fazer uma dieta para emagrecimento a tendência é perder menos gordura e mais massa muscular, do que um indivíduo que dorme oito horas e meia, por exemplo. “Ele tem uma alteração de onde vem a fonte energética para emagrecer. Então, o corpo se programa para preservar a gordura e ele perde todo o restante, dentre eles a massa muscular, e isso é um fator negativo.”

Para ter saciedade, mesmo dormindo pouco, o nutricionista recomenda uma dieta com distribuição de proteína em todas as refeições. A proteína dá mais saciedade do que o carboidrato. “Em resumo, para facilitar esse controle do apetite, trabalhar com dietas com maior quantidade de proteínas ou essa proteína bem distribuída no dia pode ser um fator que auxilia bastante”, orienta. As fibras também podem auxiliar no controle da fome.

Em relação à dieta pré-sono, algumas pessoas devem evitar o uso de cafeína ou qualquer substância estimulante no período pré-sono. Outras pessoas podem ter o hábito de consumir chás, e a regra é a mesma, chá branco e chá verde, por exemplo, tem cafeína, e também devem ser evitados. “Um facilitador do sono seria qualquer substância derivada do maracujá, que para muitas pessoas funciona como calmante”, recomenda Murilo.








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