A pesquisa “Prevalência de Sobrepeso e Obesidade em Adultos no
Município de Dourados”, realizada pela professora da Unigran Julice
Angélica Antoniazzo Batistão Gadani, chegou ao fim, com resultados
alarmantes. Segundo o estudo, Dourados apresenta taxas de obesidade
acima da média nacional, assim como outros números que preocupam.
O trabalho, que durou 12 meses, foi pioneiro no Mato Grosso do Sul.
Segundo a professora, pesquisas sobre obesidade em crianças são comuns,
mas o mesmo não acontece com adultos. “Existem muitas pesquisas com
escolares, para observar se a obesidade infantil se tornará obesidade
adulta, agora em adultos, de 20 a 59 anos, esta pesquisa foi a
primeira”, diz.
Os resultados da professora mostraram que 36% da população douradense
apresenta sobrepeso, enquanto que 28% apresentam obesidade. O número de
obesos é o dobro da média nacional que, em um estudo divulgado
recentemente, ficou em 14%. Já a circunferência da cintura estava
elevada em 64% dos entrevistados.
Julice explica que não foram encontradas diferenças entre gênero ou
poder aquisitivo. “A obesidade foi equivalente tanto nas pessoas de
menor quanto de maior condição financeira e entre homens e mulheres
também foi bem equiparado. A obesidade é uma questão cultural,
realmente”, opina.
Agora, estes resultados podem auxiliar o governo municipal a elaborar
projetos para atender esta parcela da população. “A Secretaria
Municipal de Saúde tem interesse nesses dados para fazer um programa
específico para isso. Mas, sem um estudo que indique que a cidade tem um
fator de risco, como conseguir verbas do governo federal?”, explica.
A pesquisa inédita também abre espaço para novos questionamentos.
“Existe outra pesquisa acontecendo sobre consumo de sal, que é parte da
minha. São muitos estudos que podem sair depois deste resultado, agora o
ideal é que novas pesquisas investiguem o porquê desses altos índices
de obesidade”, conta a professora.
Quem também auxiliou na pesquisa foi um grupo de 16 alunas da
UNIGRAN, dos cursos de Enfermagem, Farmácia e Nutrição. As alunas
passaram por um treinamento de dois meses antes de ir a campo e, depois,
utilizaram as descobertas para desenvolver seus próprios trabalhos
científicos.
“Para algumas, inclusive, esse trabalho se tornou um TCC, e tiveram o
gostinho de fazer a pesquisa científica. Entre cursos, a interação
também foi interessante”, conta Julice. As alunas conquistaram
reconhecimento ao apresentar seus trabalhos no VI Encontro de Iniciação
Científica e I Mostra de Pós-graduação, realizados ano passado, na
UNIGRAN.
E elas não foram as únicas reconhecidas. O trabalho realizado pela
professora Julice foi um dos 1000 escolhidos em todo o Brasil para ser
apresentado no World Nutrition Rio 2012, um congresso internacional de
saúde realizado no Rio de Janeiro, este ano. A esperança da professora,
agora, é que o trabalho auxilie na implantação de políticas públicas e
na produção científica em Dourados.
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