José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Cidadãos pedem embalagens de açúcar mais pequenas

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Cidadãos pedem embalagens de açúcar mais pequenas

Tal como aconteceu com a redução do teor do sal no pão, um grupo de quatro alunos da licenciatura em Gestão e Concepção de Políticas Hospitalares do Instituto Politécnico de Tomar pediram, através de uma petição, que as embalagens individuais de açúcar fossem reduzidas por razões "de saúde pública". Na sequência desta iniciativa, o Parlamento ouviu várias entidades, chegando-se à conclusão de que a indústria tem vindo a reduzir os pacotes voluntariamente.

A petição que "pretende que as embalagens individuais de açúcar passem a conter um máximo de seis gramas" inaugura hoje a ordem de trabalhos da Comissão Parlamentar de Saúde. A iniciativa destes quatro estudantes, que reuniram 145 assinaturas, não obriga a que seja discutida em plenário (algo que só acontece acima das quatro mil assinaturas), mas "levantou o debate", diz o deputado socialista Manuel Pizarro, que foi incumbido de ser o relator desta petição.

O que os peticionantes pedem é que seja alterado um decreto-lei de 2003, introduzindo um limite máximo de seis gramas para os pacotes de açúcar, como "forma de combater alguns problemas de saúde, nomeadamente, a diabetes, a obesidade, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, cujos tratamentos têm um peso significativo para a saúde".

Manuel Pizarro afirma que, na sequência desta petição, o que se concluiu é que a indústria, "de forma auto-regulada", já tem diminuído o tamanho sem que a isso esteja obrigada. "A maioria dos pacotes têm entre seis e oito gramas e já há muitos de cinco e sete gramas e até de quatro. Já houve uma adaptação dos produtores", diz.

Alexandra Bento, presidente da Ordem dos Nutricionistas, foi ouvida e diz que os pacotes andam pelos seis a sete gramas. A especialista defende que "a redução para cinco gramas seria uma medida interessante com impacto na saúde", mas defende que seria "contraproducente" fazê-lo através de uma lei, uma vez que o sector tem mostrado que se auto-regula. "Eu sou a favor da redução da quantidade - só não sou a favor de medidas legislativas para o fazer", diz, defendendo antes um acordo feito no sector.

A nutricionista explica que a Organização Mundial da Saúde recomenda que não deve ser consumido em açúcar mais do que 10% das calorias indicadas para um adulto, o que corresponde a 50 gramas de açúcar por dia, mas este valor inclui também o açúcar em bolos, bolachas ou bebidas. Cerca de 30% do açúcar é consumido na forma pura. Alexandra Bento diz ainda que a redução do teor do sal no pão é uma questão diferente porque não pode ser controlada pelo consumidor: "No açúcar, tenho a liberdade de pôr apenas metade do pacote".

Foram também ouvidas a Plataforma Contra a Obesidade e a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal. Em cima da mesa podia estar a possibilidade de avançar para uma iniciativa legislativa, admite Pizarro, mas "a realidade mostrou que não é necessária". Os quatro estudantes avançaram com a petição depois de terem feito o trabalho académico Participação do Cidadão na Agenda Política.
FONTE: http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/cidadaos-pedem-embalagens-de-acucar-mais-pequenas-1529564

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