Funcionários públicos ligados à área da saúde nos EUA estão começando a demonstrar maior interesse nas conexões que vêm sendo expostas entre a exposição a substâncias químicas ambientais, como o bisfenol A, e o desenvolvimento de diabetes e obesidade.
Em 2008 quase 25% dos adultos no Reino Unido e 16% das crianças entre 2 e 15 anos foram classificados como obesos.
A profissão médica se mantém largamente “alheia” à conexões divulgadas entre a exposição à substâncias químicas sintéticas no nosso dia-a-dia e o desenvolvimento de diabetes e obesidade, disseram os maiores especialistas ao Ecologist.
As taxas de obesidade e diabetes em crianças e adultos vêm crescendo em muitos países ao redor do mundo. Em 2008 quase um quarto dos adultos no Reino Unido e 16% de crianças entre 2 e 15 anos foram classificados como obesos, enquanto 2,8 milhões da população vêm sendo tratados para diabetes. Custos médicos associados com essas condições também estão aumentando com o National Health Service/NHS (nt.: Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra) estimando ser gasto £9 bilhões de libras esterlinas/ano (nt.: valor da £ hoje, 15.01.12, é 2,73 reais) para tratar a diabetes e um tanto mais de £4.1 bilhões para tratar a obesidade.
A elevação destas condições médicas ao longo da última década levou muitos pesquisadores a procurarem a conexão com vários fatores externos. Embora mudanças na dieta e na atividade física são predominantemente responsáveis por estas elevações, pesquisa recente explorou a possibilidade da poluição ambiental poder causar tanto a diabetes como a obesidade.
Os prinicpais suspeitos destacados pelos pesquisadores incluem os poluentes orgânicos persistentes (POPs), como os agrotóxicos organoclorados, muitos deles já estão banidos, apesar de continuarem a ser detectados amplamente na população dos EUA. Estudos também encontraram evidências de que outros químicos, como o bisfenol A (BPA), associados tanto com a diabetes como com a obesidade, ainda estão sendo largamente produzidos e detectados em níveis perceptíveis no ambiente. O BPA em especial tem sido foco de campanhas exigindo que seja banido, embora continue sendo utilizado para revestir garrafões d’água e embalagens de alimentos.
Especialistas da área da saúde são insistentes de que há uma conexão e dizem que mais pesquisas são necessárias para averiguar esta complicada relação.
‘Não há mais dúvidas para mim de que a exposição a químicos ambientais está contribuindo para o aumento nas taxas de diabetes e obesidade, mas o entendimento desta relação é absolutamente delicado’, contou o Dr David Carpenter, Diretor do Instituto de Saúde e Ambiente da Universidade de Albany ao Ecologist. ‘E isso é especilamente verdadeiro para os médicos e é triste que no presente a profissão médica pareça estar alheia ao papel da contaminação química como fator de risco para todas as doenças da terceira idade, do câncer à obesidade e da diabetes às doenças cardiovasculares’, diz o Dr Carpenter.
A Health Protection Agency/HPA (nt.: a Agência de Proteção à Saúde da Inglaterra) ainda está para realizar alguma pesquisa e tomando uma posição mais neutra.
‘A HPA não está empreendendo nenhum trabalho específico nesta área. No entanto esta é uma área de pesquisa interessante e emergente. Como tal, a HPA aguarda com expectatia pela publicação de literatura futura e continuará a monitorar de perto os desenvolvimentos’, diz Ovnair Sepai, chefe geral do Centro de Radiação, Químicos e Riscos Ambientais da HPA.
Proecupação do governo dos EUA.
Proecupação do governo dos EUA.
No entanto, funcionários da área de saúde do governo dos EUA têm se interessado muito deste tema. Em janeiro de 2011, o Departamento de Saúde norte-americano fez um encontro com oficinas para avaliar a pesquisa relacionada à exposição a químicos ambientais com relação ao desenvolvimento de diabetes e obesidade.
Só no ano passado, o National Cancer Institute, que assessora o presidente dos EUA, disse que a conexão entre a exposição diária a químicos e o risco de câncer tem sido “grosseiramente subestimado”.
Canditados nos EUA agora querem regulamentação mais resistente para parar o uso destes químicos. “Há evidências que sustentam a possibilidade de que menores níveis de exposição a químicos ambientais podem contribuir para o desenvolvimento de diabetes”, diz Sarah Howard do grupo de pressão Collaborative on Health and the Environment (nt.: Cooperação sobre Saúde e Ambiente). ‘Alguns destes químicos estão ainda em uso e nós queremos regulamentá-los. As regulamentações podem também auxiliar na identificação de substâncias químicas potencialmente problemáticas antes delas serem introduzidas no mercado e em nossos organismos”.
Grupos ligados à saúde no Reino Unido, permanecem indecisos: ‘A conexão entre poluição e diabetes precisa ser mais explorada com pesquisas mais sólidas antes de qualquer conclusão mais exata poder ser feita”, diz a Dra. Victoria King, Chefe de Pesquisa em Diabetes no Reino Unido.
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