Pedro do Coutto
Reportagem de excepcional importância para a vida humana de Johana
Nublat, Folha de São Paulo de quarta-feira 11, revelou, com base em
números do próprio Ministério da Saúde, que 48,5% da população
brasileira encontram-se acima do seu peso normal, sendo a taxa de 15,8%
abrange aquelas excessivamente obesos. Os índices duvidem-se
praticamente em partes iguais entre homens e mulheres.
Os excessivamente obesos, faixa de risco para doenças graves, estão
exigindo tratamento médico. A obesidade, acentuou o ministro Alexandre
Padilha, tornou-se um problema de saúde pública. Exatamente como é
considerado nos Estados Unidos. Contra a inércia, sempre perigosa, os
exercícios físicos leves.
O que acentua a questão é que a faixa dos que se situam acima da
pesagem ideal cresceu de 42%, em 2006, para 48,5% em 2011. E os obesos
problemáticos subiram, no mesmo período, de 11,4 para 15,8%. O quadro é
grave. Acarreta consumo maior de remédios e mesmo internações
hospitalares com frequência fora do normal.
Outro problema enorme é o fumo. Caiu de 2006 a 2011. Porém, recuou
pouco: desceu de 16,2 para 14,8%. Preocupa extremamente o consumo de
bebidas alcoólicas, de maneira acentuadamente continua para 26% dos
homens e 17% das mulheres. Algo necessita ser feito, com urgência, para
que declinem todos esses índices negativos do comportamento humano.
A propaganda de cigarros está proibida. Mesmo assim, o recuo foi
pequeno. Era para ser muito maior em face do alto risco que representa,
sobretudo de câncer. O índice de alcoolismo é responsável por uma
desagregação social, a começar pela família, das mais graves. Comer de
mais faz mal. Fumar nem se fala, beber tampouco. É difícil enfrentar
tais questões. Mas não impossível.
Em 1971, em artigo que escrevi no Correio da Manhã, assinalei que a
publicidade possui um potencial muito maior do que se imagina
normalmente. Só ela, uma vez bem elaborada, conduzida, veiculada, pode
propiciar resultados positivos na saúde humana, já que uma parte das
pessoas não cuida bem de si mesma. Parece uma contradição. E é.
Aliás, a existência humana está plena de contradições. Homens e
mulheres inteligentes, de boa formação cultural, volta e meia
envolvem-se nas atitudes mais absurdas, numa série de atitudes
descabidas, de decisões impróprias. Minha mulher, Elena, sempre sustenta
o exemplo da Dengue. Exige campanha permanente o ano todo, não somente
no verão. Mas não é realizada.
O poder público, entre os investimentos voltados para a saúde,
deveria incluir a publicidade em larga escala. Pois se ela é capaz de
vender produtos que se renovam, apelando para a renovação de modelos,
por que não será capaz de vender a ideia de comer menos, ingerir menos
açúcar, consumir menos bebidas alcoólicas e, principalmente, não fumar.
Fumar de modo algum. Sobretudo porque o fumante não apenas se
autoenvenena, como contribui para envenenar os outros não fumantes. O
fumo é um vício horrível. Inclusive cada vez mais rejeitado pela
sociedade. Pode-se explicar bem o fenômeno pela reação negativa que os
fumantes causam ao longo de reuniões sociais, sejam em locais fechados
ou não.
O apelo de tais campanhas, penso eu, é conduzir à experiência de
moderar a alimentação e sentir-se mais leves, melhor disposto. De deixar
o cigarro e comparar as sensações entre antes e depois. De pelo menos
diminuir o álcool e verificar seu efeito negativo para a saúde e
desagregador junto à mulher e aos filhos. A publicidade deve se
direcionar para a verificação de efeitos comparativos. Maciça, ela
surtirá efeito. É por aí.
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