José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Obesidade infanto-juvenil cresce na região Sul

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Obesidade infanto-juvenil cresce na região Sul


Foto: Orientação nutricional
Planos alimentares, orientação nutricional e correção de hábitos alimentares. Essas são algumas das instruções repassadas para crianças com sobrepeso ou obesas na Clínica de Nutrição da Unesc. As instruções são realizadas por professores e alunos, com atendimento individual e gratuito. Conforme a nutricionista e professora da Universidade Angela Martinha Bongiolo, o programa existe há cinco anos na Universidade. “Os casos já vêm encaminhados das Unidades de Saúde e do ambulatório da Unesc, e os números vêm aumentando”, conta.

Na Região Sul, na faixa etária de 5 a 9 anos, publicação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010 revelou que o excesso de peso triplicou de 1975 a 2009 (de 12,2% para 36,3% em meninos e de 9,7% para 35,5% em meninas) e a obesidade aumentou em quase seis vezes (de 2,9% para 16,7%) no sexo masculino e em nove vezes (de 1,8% para 16,2%) no feminino.
Já na população adolescente o excesso de peso saltou de 4,7% para 27,7% (quase seis vezes) entre meninos e de 9,7% para 22,0% (dobrou) entre as meninas. A obesidade, que era de 0,6%, passou para 7,7% no sexo masculino e de 1,0% para 5,4% no sexo feminino.

“Dados de Criciúma mostraram resultados semelhantes em relação ao estado nutricional. Estudo realizado em 2006 com uma amostra representativa de escolares de seis a 10 anos de idade mostrou prevalência de excesso de peso de 28,8%, com 10% de obesidade e 18,3% de sobrepeso”, lembra a médica pediatra e professora da Unesc Loraine Storch Meyer da Silva.

Causas

Segundo ela, vários fatores contribuem para o aparecimento da obesidade na população pediátrica, tais como os genéticos, comportamentais e ambientais, podendo ocorrer graus varáveis de interação entre eles. “Sem dúvida o fator genético tem participação na gênese desse problema, no entanto, o rápido crescimento das taxas de sobrepeso e de obesidade, nas últimas três décadas, não pode ser atribuído somente a estes, uma vez que as características genéticas da população humana não mudaram significativamente nesse período”, revela, acrescentando que estudos mostram que os hábitos alimentares estão entre os principais fatores de risco, assim como o baixo nível de atividade física e o comportamento sedentário. O desmame precoce, o excesso de peso e o baixo peso de nascimento estão entre outras causas que contribuem para o desenvolvimento do excesso de peso.

Consequências

A grande preocupação da elevação da obesidade e do sobrepeso é com as consequências danosas que podem acarretar, tais como aterosclerose precoce, dislipidemia, hipertensão arterial, resistência à insulina, diabete tipo 2, problemas psicológicos, entre outros. Muitas dessas situações estão diretamente associadas à mortalidade da população em geral.

“Diante do panorama atual, é necessário que se tomem medidas efetivas para combater e prevenir o excesso de peso. Tem sido amplamente reconhecida a importância de uma nutrição adequada para o crescimento e desenvolvimento satisfatório das crianças. Da mesma forma, a construção do conhecimento, com enfoque nos benefícios de hábitos saudáveis, bem como o incentivo ao aumento e à incorporação de atividade física no dia-a-dia, contribuem para uma melhor qualidade de vida e prevenção de doenças”, ressalta.

A professora enfatiza que desenvolver programas de intervenção para combater e prevenir o excesso entre os jovens é um grande desafio, pois muitos aspectos têm que ser considerados. “Deve-se ter o cuidado para não induzir o paciente a práticas não saudáveis, as quais poderão levar a distúrbios alimentares. Outro aspecto a ser observado é preservar o crescimento e o desenvolvimento normais, enfatizando a necessidade de uma nutrição adequada. O ideal é que a criança ou o adolescente faça acompanhamento com equipe multiprofissional”, destaca.

Pais devem ficar atentos

A professora Loraine ressalta que os pais devem ficar atentos às atividades diárias de seus filhos, incentivando à prática de atividade física, seja ela lúdica ou esportiva, desde que adequada à idade da criança. “Quando possível, participarem dessas atividades, como por exemplo convide para caminhadas e ande de bicicleta. Ao mesmo tempo devem desencorajar o comportamento sedentário, como permanecer muitas horas assistindo TV. É inegável a importância do apoio e participação de toda a família também em relação à alimentação”, sugere.

Ela informa que na medida do possível as refeições devem ter seus horários mantidos e devem contar com a participação da família. “É recomendável a diversificação dos alimentos, incentivando o consumo de frutas e vegetais. Todos devem ingerir o mesmo cardápio, pois todos podem ter o privilégio de consumir uma alimentação equilibrada e saudável, independente de seu estado nutricional e, além disso, lembrar que os pais servem de exemplo. Outra medida importante é evitar o consumo de guloseimas, salgadinhos e alimentos industrializados, pelo alto teor de açúcar, gordura e sal”, aconselha.

Loraine também destaca que, assim como os pais, as crianças precisam ser informadas, precisam ter conhecimento, para aderir às mudanças necessárias. “A partir daí elas poderão opinar quanto à escolha dos alimentos a serem adquiridos, poderão incentivar os outros membros da família à prática de atividade física. Qualquer atividade é válida, desde que seja realizada com prazer, pode ser passear com o cachorro, jogar bola, dançar balé, praticar e natação. É de extrema importância o envolvimento de toda a família”, ressalta.
FONTE: http://www.unesc.net/post/213/10/18653

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