Obesidade infantil: pesquisa ajuda a compreender predisposição genética de crianças para terem a síndrome
Um
estudo publicado na edição desta semana da revista Nature Genetics
identificou dois novos genes envolvidos diretamente no risco de
obesidade infantil. Segundo a pesquisa, que foi desenvolvida por um
consórcio internacional chamado Early Growth Genetics (EGG), é sabido
que esses genes atuam nos intestinos, mas até então eles não haviam sido
relacionados com o problema da obesidade. "Esse é o maior estudo de
genoma da obesidade infantil comum já feito" , diz o Struan Grant,
coordenador do estudo e diretor do Centro de Genômica Aplicada do
Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos. "Pesquisas
anteriores preocuparam-se com as formas mais extremas de obesidade,
principalmente àquelas relacionadas com síndromes de doenças raras.
Nossa pesquisa identificou e caracterizou uma predisposição genética
para a obesidade infantil comum".
Os
pesquisadores analisaram 14 estudos dedicados ao DNA de 5.530 crianças
obesas em comparação a de 8.300 não obesas. Eles observaram uma
variação nos genes OLFM4, situado no cromossomo 13, e HOXB5, no
cromossomo 17, que até agora não tinham sido relacionados à obesidade.
Segundo a pesquisa, o gene OLFM4 está relacionado às bactérias que
habitam o intestino e que estariam envolvidas no aumento de peso e
obesidade. O estudo também identificou duas variantes em outros genes,
mas estes não foram totalmente relacionados à síndrome.
"Esse
trabalho abre novas possibilidades para explorar a genética da
obesidade infantil comum", diz Grant. "Muito trabalho ainda precisa ser
feito, mas esses resultados podem ser úteis para ajudar a projetar
futuras intervenções preventivas e tratamentos para crianças obesas com
base em seus genomas individuais".
Obesidade
infantil — Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
aproximadamente 170 milhões de jovens até 18 anos em todo o mundo são
obesos ou têm sobrepeso. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), apontaram que, em 2009, 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas
entre 5 e 9 anos de idade eram obesos. Esse índice, entre adultos, foi
de 15,9% para homens e 19,6% para mulheres.
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