Má notícia para quem dorme pouco ou em horários irregulares. Uma nova
pesquisa indica que a falta de sono ou padrões de sono que contrariam o
relógio biológico humano podem aumentar o risco de desenvolver diabetes
e obesidade.
Wilton Jr/AE
Efeitos danosos podem ser revertidos em grande parte com a volta do sono para padrões normais
O estudo, feito por cientistas da Harvard Medical School e do Brigham
and Women's Hospital, nos Estados Unidos, foi publicado no dia 11 de
abril na revista Science Translational Medicine.
Os pesquisadores avaliaram 21 voluntários saudáveis em um ambiente
controlado durante seis semanas. Foram regulados fatores como horas de
sono, em que período do dia os participantes dormiam, dieta e outras
atividades. A ideia foi simular situações que levam ao sono irregular,
como turnos de trabalho alternados (diurno e noturno) ou jet lag
recorrente.
Inicialmente os participantes dormiram cerca de 10 horas por noite.
Em seguida, passaram três semanas com média de 5,6 horas dormidas a cada
24 horas, com períodos de sono alternados, de modo a simular trocas de
turno. Para terminar, os voluntários passaram os últimos nove dias da
pesquisa dormindo períodos normais e à noite.
Os cientistas observaram que a interrupção prolongada do sono normal e
do ritmo circadiano afetou a produção de insulina nos voluntários,
levando ao aumento de glicose no sangue. Em alguns casos, a elevação
atingiu níveis considerados pré-diabéticos.
Os participantes também apresentaram importante queda em suas taxas
metabólicas, que, segundo os autores do estudo, pode ser traduzida em um
ganho de peso superior a 4,5 quilos por ano.
A boa notícia é que o estudo verificou que os efeitos danosos puderam
ser revertidos em grande parte com a volta do sono para padrões
normais. Os pesquisadores ressaltam que os voluntários não se
exercitaram durante o período do estudo e pretendem avaliar no futuro
interações entre sono, dieta e exercícios.
O artigo Adverse Metabolic Consequences in Humans of Prolonged Sleep
Restriction Combined with Circadian Disruption (doi:
10.1126/scitranslmed.3003200), de Orfeu Buxton e outros, pode ser lido
por assinantes da Science Translational Medicine em http://stm.sciencemag.org.
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