Uma nova técnica para o tratamento da obesidade em indivíduos com Índice de Massa Corporal (IMC) maior do que 27 tem sido adotada no país (calcule o seu IMC clicando aqui). É a técnica do balão intragástrico, uma prótese de silicone inserida
no estômago por endoscopia e que tem como objetivo servir de
alternativa para outros tratamentos como o medicamentoso e a cirurgia
bariátrica.
Mas, afinal, o que essa técnica oferece de diferente em relação aos
outros tratamentos? Para explicar mais detalhes, convidamos o Dr. José
Afonso Sallet, especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da Federação
Internacional para a Cirurgia da Obesidade (IFSO).
O que é a técnica do balão intragástrico para o tratamento da
obesidade e por que ele é recomendado para pessoas com IMC acima de 27?
O Balão Intragástrico é uma prótese de silicone inserida no estômago
por um procedimento endoscópico simples (não é cirurgia) e que tem por
finalidade promover a saciedade precoce, permitindo ao paciente comer
menos e, consequentemente, a perda de peso.
O objetivo desse tratamento é muito mais do que simplesmente
estético, pois visa prevenir que essas pessoas evoluam para a obesidade e
doenças associadas, cujo tratamento final, em 50% dos casos, pode se
fazer necessário: a cirurgia bariátrica, com seus riscos e efeitos
colaterais inerentes ao procedimento.
O que essa técnica oferece de diferente em relação a tratamentos medicamentosos e cirurgia?
Em relação ao tratamento medicamentoso, atualmente existe uma
limitação muito grande devido à proibição pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) da utilização dos derivados de anfetamina e
os possíveis efeitos colaterais cardiológicos relacionados ao uso da
sibutramina. Já o derivado GLP1 sintético, de utilização recente, é
indicado para pacientes
que estejam acima do peso e sejam portadores de diabetes tipo 2. O uso
dessa medicação para pacientes obesos e sem diabetes é questionável do
ponto de vista científico.
As intervenções cirúrgicas estão indicadas para os seguintes pacientes:
• IMC entre 35 e 40, com doenças associadas à obesidade (hipertensão
arterial, diabetes, dislipidemia, osteoartrose, apneia do sono ou
outras);
• IMC > 40 sem a necessidade de doenças associadas.
Nos Centros de Excelência em cirurgia bariátrica os índices de
complicações maiores variam de 1% a 5% e a mortalidade entre 0,2% e 1%,
portanto, não são procedimentos inócuos.
Como é o processo de inserção do balão no corpo? A pessoa passa por algum tipo de anestesia?
A colocação e a retirada deste balão são feitas em ambulatório,
através de procedimento endoscópico que é realizado apenas sob leve
sedação e monitorização anestésica (sempre com a presença de
anestesiologistas), e esse processo dura, em média, 15 minutos.
Existem contraindicações e efeitos colaterais para esse tipo de tratamento? Quais são eles?
As principais contraindicações são cirurgias prévias no estômago,
dentre elas, as fundoplicaturas para tratar doenças do refluxo
gastroesofágico, pacientes portadores de cirrose hepática e varizes de
esôfago e fundo gástrico, uso crônico de anticoagulantes e outras
doenças que sejam exacerbadas pelo silicone utilizado para confecção do
balão.
Os efeitos colaterais são cólicas, náuseas e vômitos, que chegam a
atingir até 60% dos pacientes tratados com balão, principalmente, nos
primeiros três dias da colocação da prótese. Esses efeitos variam de
intensidade e de paciente para paciente, podendo ser minimizados com o
uso de medicações adequadas.
Atualmente, menos de 1% dos pacientes que se submetem à colocação do
balão necessitam retirar a prótese por intolerância precoce.
Assim como na cirurgia, o tratamento com o balão intragástrico deve vir acompanhado de uma reeducação alimentar e da prática de atividades físicas?
É fundamental que a equipe médica e a equipe interdisciplinar
(Nutricionista, Psicólogo e Educador Físico), bem como o paciente,
tenham a consciência de que o tratamento do Balão Intragástrico permite o
emagrecimento
a partir de uma mudança comportamental no que diz respeito a uma
reeducação alimentar e à prática de atividades físicas três vezes por
semana, durante o período de uma hora.
O tratamento é permanente ou é encerrado após a perda de peso? Os resultados costumam ser rápidos?
O tratamento com o balão tem a durabilidade de seis meses. Nesse
período, além da perda de peso, é muito importante que o paciente
adquira hábitos comportamentais distintos do antigo e, após a retirada
do balão, tenha a ciência de que deve continuar o acompanhamento com
equipe interdisciplinar, visando a manutenção por maior e melhor tempo
possível. Um dos fatores que mais estimulam essas mudanças é decorrente
dos rápidos resultados iniciais em termos de perda de peso, pois nos
primeiros dois meses os pacientes apresentam uma saciedade intensa e
aderem a uma dieta hipocalórica, o que os incentiva a manter essa
mudança durante todo o período do tratamento.
Dr. José Afonso Sallet é MD em Cirurgia do Aparelho Digestivo
pela Unicamp - SP, especialista em Cirurgia Laparoscópica pelo Colégio
Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e membro da Federação Internacional para a
Cirurgia da Obesidade (IFSO). Também é coordenador do Protocolo de
Balão Intragástrico pelo Ministério da Saúde, membro da Sociedade
Americana de Cirurgia e Endoscopia (SAGES) e diretor do Instituto de
Medicina Sallet (Departamento de Cirurgia Bariátrica e Metabólica).
FONTE: http://idmed.com.br/emagrecimento/nova-tecnica-no-combate-da-obesidade-e-alternativa-a-cirurgia-bariatrica/cuidados-pos-cirurgia.html
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