José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Podemos travar a obesidade infantil nas escolas portuguesas?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Podemos travar a obesidade infantil nas escolas portuguesas?


Jovens obesos numa colónia de férias na Pousada da Juventude da Praia da Arrifana - uma iniciativa do Instituto Português da Juventude para promover hábitos de vida saudáveis
Jovens obesos numa colónia de férias na Pousada da Juventude da Praia da Arrifana - uma iniciativa do Instituto Português da Juventude para promover hábitos de vida saudáveis Vergílio Rodrigues
 
Pode. E a tese de doutoramento apresentada na Universidade do Minho por Rafaela Rosário no passado mês de Março mostra-o.
Naquele estudo, o estratagema consistiu em envolver professores do ensino básico em formações, devidamente creditadas, sobre educação nutricional para que estes pudessem desenvolver junto das crianças acções de aprendizagem de hábitos alimentares saudáveis.
Apesar das inúmeras chamadas de atenção sobre a obesidade, a doença atinge níveis históricos nos países ocidentais. A falta de sucesso em inverter esta tendência desvia muitas vezes a nossa atenção para a necessidade de intervenções milagrosas para a obesidade, correndo também o risco de exagerar na preocupação com o peso e a forma corporal ou levar a um estilo de comer com culpa e até de asfixia do prazer decorrente da ingestão, em indivíduos susceptíveis.
Faz, por isso, sentido aprender com experiências como as de Rafaela Rosário, em que a abordagem da prevenção da obesidade é descentrada do peso para ser focalizada na promoção de estilos de vida saudáveis e, desta forma, agir nos processos que controlam o ambiente onde operam factores individuais, como os cognitivos, motivações, capacidades, comportamentos e inter-relações entre indivíduos.
A influência dos factores que determinam o peso corporal pode registar-se a vários níveis, destacando-se: a família, nomeadamente a mãe, por proporcionar o sistema alimentar, os valores sobre a forma corporal e o que constitui um peso adequado; as organizações sociais, como a escola, que estabelecem um contexto importante para a determinação dos comportamentos sobre a alimentação e o peso, condicionam exigências ao nível do gasto energético, modulam pressões e oportunidades de ingestão; e a comunidade, que proporciona o contexto onde o indivíduo vive e se relaciona com os sistemas alimentares, podendo oferecer bares, cantinas, restaurantes, estabelecimentos de comida rápida saudável ou, pelo contrário, destacar-se pela ausência de serviços de alimentação que proporcionem refeições adequadas.
Em estudos portugueses, verificamos que muitas crianças crescem num ambiente de grande exposição a ecrã (TV, DVD, computador, jogos) e de privação de sono (geradora de crianças “mal dormidas”), que se mostra favorecedor da obesidade e de uma composição corporal maior em massa gorda. Mas a sociedade pode contrariar este cenário e contribuir com políticas nutricionais, sistemas alimentares, valores sociais, meios de transporte e actividades de recreação, incluindo as que envolvem exercício, capazes de modularem o balanço energético e o peso, como tão bem mostram as experiências recentes de muitos municípios portugueses, apresentadas no Congresso Português de Alimentação e Autarquias, no passado mês de Março, em Lisboa.
pedromoreira@fcna.up.pt
*Nutricionista e Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto
FONTE: http://lifestyle.publico.pt/nutricao/303657_podemos-travar-a-obesidade-infantil-nas-escolas-portuguesas
 

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