Sabe-se que, para perder peso, é
necessária a associação de certa restrição alimentar e, sobretudo, de
reeducação nos hábitos alimentares com a prática regular de atividade
física programada.
Quando o indivíduo é obeso, uma série de
fatores limita a realização de exercícios físicos e contribuem para que
se mantenha numa situação de sedentarismo: a rápida exaustão física,
aliada a um alto gasto metabólico, além de força e resistência muscular
prejudicadas e sobrecarga mecânica. A dor e o próprio receio do
movimento como fator desencadeante de dor, bem como fatores psicológicos
também interferem na limitação da prática de atividade física, gerando,
dessa forma, um círculo vicioso difícil de ser quebrado.
A postura
O excesso de peso geralmente promove
alterações do alinhamento postural, que, associadas à sobrecarga
mecânica, sobretudo em estruturas de sustentação, como coluna vertebral,
joelhos e pés, podem levar o indivíduo à dor. Na maioria das vezes,
essas regiões são apontadas em grande parte das queixas álgicas nesses
indivíduos, podendo também tornarem-se crônicas.
À medida que o indivíduo ganha peso, a
tendência é do seu corpo se projetar para frente, pelo aumento da
gordura abdominal. No entanto, para manter-se em equilíbrio, sua postura
pode se alterar e piorar ainda mais a sobrecarga mecânica. São
frequentes os achados de aumento da cifose torácica, anteriorização da
cabeça, aumento da lordose lombar, anteroversão da pelve, rotação medial
dos quadris, joelhos valgos, pés planos e da consequente alteração da
marcha, com redução de sua efetividade, através da diminuição de sua
cadência, velocidade e amplitude de movimento.
Essas disfunções podem gerar desgastes
articulares, como artrose de coluna e joelho, hérnias discais, lombalgia
e esporão de calcâneo. Não é raro também serem observados síndrome do
túnel do carpo, como consequência da compressão do nervo mediano pelo
tecido adiposo (causando dormência e formigamento nos braços) e
tendinite do manguito rotador (grupo muscular localizado no ombro), pela
maior solicitação na realização de movimentos que tornam-se mais
dificultosos, como levantar e sentar da cadeira.
Cirurgia Bariátrica e perda de peso
Quando submetidos à cirurgia bariátrica
(Cirurgia de redução do estômago), esses indivíduos podem apresentar
queixas álgicas no pós-operatório, pelo posicionamento durante o
procedimento cirúrgico e pela menor mobilidade no pós-operatório. Esse
quadro doloroso se acentua pela presença prévia dessas patologias,
principalmente as que acometem a coluna cervical e lombar e ombros.
Sabe-se que, com a perda de peso, a
tendência é de melhora da dor e regressão das disfunções, no entanto, se
a perda de massa magra não for minimizada, o indivíduo pode voltar a
sofrer dores ou experimentar um quadro álgico, sobretudo na região
lombar. Tal evento pode ocorrer pela falta de estabilização da
musculatura abdominal, tanto em decorrência da fraqueza muscular quanto
pela perda de integridade muscular que ocorre nas cirurgias via
laparotomia (abertas).
Exercícios físicos
Os exercícios físicos devem ser iniciados
o mais precocemente possível, mas com leve intensidade e
preferencialmente sem impacto. Tal indicação também é válida aos
indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica, desde que se atente à
minimização da pressão intra-abdominal no primeiro momento e ao respeito
da intensidade do exercício de acordo com a fase de pós-operatório. É
necessário lembrar que tais indivíduos estarão em processo de
recuperação cicatricial e com ingestão calórica bastante reduzida. Além
disso, muitos obesos apresentam outras doenças associadas, como
hipertensão e diabetes, sendo necessário redobrar a atenção quanto à
prescrição dos exercícios nessa população.
Portanto é muito importante o
acompanhamento de um Fisioterapeuta para minimizar tais disfunções,
viabilizando a integração desses indivíduos em um programa de
exercícios, que supervisionado por um profissional de Educação Física,
proporciona a perda e a manutenção ponderal, incrementando, com
segurança, a qualidade de vida dessa população.
Fisioterapeuta – Maura Rigoldi Simões da Rocha
Especialista em Terapia
Intensiva (UNICAMP) e em Obesidade e Emagrecimento (Gama Filho),
fisioterapeuta responsável pelo grupo de obesos diabéticos da Cirurgia
Bariátrica (UNICAMP).
FONTE: http://blogs.viaeptv.com/blogs/atividadecorporal/tag/alteracoes-musculo-esqueletica-obesidade/
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