Peptídeos
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP comprovaram a existência de peptídeos no interior das células.
Peptídeos são derivados de proteínas que formam redes de interação
dentro das células e são responsáveis por processos específicos, como a
absorção de glicose.
Entre os mais de 400 peptídeos já identificados pelos pesquisadores,
há moléculas com potencial para utilização na produção de fármacos
contra obesidade, resistência à insulina, dor e tumores cancerígenos.
Peptídeos celulares
Os primeiros resultados da pesquisa, iniciada em 1999, confirmaram a hipótese da presença de peptídeos intracelulares.
"Essa descoberta trouxe um novo conceito para a biologia celular,
pois se acreditava que as proteínas eram digeridas até se transformarem
em aminoácidos e não sobreviviam na forma de peptídeos dentro das
células,", explica o professor Emer Ferro, que coordena os estudos. "A
única exceção seriam peptídeos classificados como antígenos (moléculas
capazes de gerar resposta imune), associados à molécula MHC-I."
Os estudos mostraram que um complexo de proteínas conhecido como
proteasoma (protease intracelular) regula o tempo médio de vida das
proteínas presentes no citoplasma (citosólicas), mitocôndrias
(mitocondriais) e núcleo (nucleares) das células.
Dessa forma, é possível a geração de vários peptídeos a partir das
proteínas intracelulares. Atualmente, já foram identificados mais de 400
tipos de peptídeos intracelulares e novas pesquisas vem sendo
realizadas para apontar suas funções específicas.
Fármacos
Os peptídeos são capazes de regular as redes de interação, podendo controlar, por exemplo a captação de glicose pelas células.
"Isso permite vislumbrar uma nova forma de agir terapeuticamente em
patologias", destaca o professor Emer. "Os peptídeos envolvidos na
absorção de glicose possuem potencial terapêutico por estarem
relacionados à obesidade e a resistência à insulina, que é a dificuldade
do organismo em absorver glicose."
O professor aponta que alguns peptídeos já identificados nas pesquisas vêm sendo testados na produção de novos fármacos.
"Um deles, a hemopressina,
já testada em animais de laboratório, tem a capacidade de reduzir a
ingestão de alimentos, e consequentemente a quantidade de gordura
armazenada no corpo", conta.
O AGH, um peptídeo antinociceptivo, também já foi testado em animais, para o controle da dor.
Recentemente, os pesquisadores descobriram o WCT, que em estudos com
culturas de células, induz a apoptose (morte celular) e elimina células
tumorais, o que abre a possibilidade de sua utilização no tratamento de
câncer.
"Também são analisados os efeitos do siRNA (RNA de interferência),
que regula os níveis de peptídeos relacionados com a modulação do
sistema adenérgico, que controla, por exemplo, os batimentos cardíacos",
diz o professor. "Conforme avançam as pesquisas é possível descobrir
novas moléculas que possam servir como alvos terapêuticos".
A utilização dos fármacos por seres humanos dependerá de mais alguns anos de testes clínicos.
FONTE: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=peptideos-celulares-medicamentoso&id=7865
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