Dr. Paulo César Silva, endocrinologista pediátrico, levou
ao EBEP dois casos clínicos de obesidade mórbida para discutir com os
participantes que conduta tomar. O especialista destacou que não é tão
simples prescrever um tratamento, principalmente para crianças, que
precisam de uma alimentação adequada para o desenvolvimento e não podem
usar medicamentos para tratar a obesidade.
O especialista lembrou que os pequenos pacientes devem ser analisados
de acordo com a faixa etária: bebês só comem o que os pais permitem;
crianças pequenas já começam a optar pelo que comer; adolescentes ganham
mesada e ficam algum tempo longe dos pais, tendo acesso a uma gama de
comidas gordurosas e hipercalóricas.
Outro ponto levantado por Dr. Paulo é que obesidade não se trata
apenas de restringir calorias e colocar o paciente para praticar
atividade física. “Existe todo um processo bioquímico envolvido.
Discordo de frases como ‘é gordo porque é preguiçoso, só é gordo porque
quer’. Ninguém opta por ter uma doença”, declara.
Em entrevista para o site do Departamento de Endocrinologia
Pediátrica da SBEM, o especialista alertou: devemos cuidar de nossas
crianças.
Redação Endoped: Que crianças precisam de acompanhamento em
relação ao peso? Apenas as que estão acima do peso ou é preciso ter
atenção com as crianças magras?
Dr. Paulo: Todas as crianças precisam de cuidados dos pais. Nada
impede que o magrinho de hoje se torne obeso no futuro. Merecem
acompanhamento clínico especial todos os pequenos filhos de pais obesos
(mesmo que sejam magros), obviamente aqueles com excesso de peso e
provenientes de famílias com histórico de doença cardíaca (especialmente
enfarto antes dos 55 anos, devido a colesterol alto), hipertensão,
dislipidemia.
Redação Endoped: Além do excesso de peso, que outros riscos correm as crianças que não recebem acompanhamento?
Dr. Paulo: Ainda na infância, podem ter “doenças de adulto”, como
diabetes tipo 2, hipertensão, triglicérides alto (o que é bastante
perigoso), colesterol alto. Muitos pais pensam apenas na questão
estética e medo de o filho sofrer discriminação na escola, mas poucos
pensam que obesidade pode causar até mesmo problemas ortopédicos e de
sono. Outra questão é que os pais devem pedir que o pediatra meça a
pressão do filho, seja magro, seja gordo. Crianças podem ter
hipertensão sim e muitas vezes, não apresentam sintomas.
Redação Endoped: O que você recomenda para que os pais evitem ou tratem o excesso de peso nos filhos?
Dr. Paulo: Pensar nas compras que fazem. Bebês e crianças pequenas só
têm acesso aos alimentos que os adultos oferecem. Se acostumados desde
pequenos a comer saudavelmente, há grande chance de levarem esse hábito
por toda a vida. É preciso lembrar que a obesidade não é uma doença
apenas ‘cosmética’: os números estão alarmantes, vêm crescendo e a
doença já está a um passo de se tornar um problema de saúde pública.
FONTE: http://www.endoped-sbem.org.br/obesidade/
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