José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: A obesidade advinda do açúcar

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A obesidade advinda do açúcar

Estudos realizados em ratinhos já revelaram o poder do açúcar em mudar o comportamento alimentar. Quando alimentados com ração para ratos eles comem, brincam, interagem e mantêm peso normal. Quando alimentados com ração advinda de alimentos processados, ricos em açúcar e proveniente de supermercados, eles passam a comer de maneira estranha, insaciável. Deixam de brincar para comer. Deixam de interagir para comer. Consequentemente, se tornam obesos.
Nos últimos 50 anos nós ficamos três vezes mais gordos. Apesar da origem multifatorial da obesidade, a progressão é tão alarmante que não conseguimos explicar apenas pelo sedentarismo do mundo ou pelo volume de alimentos ingeridos pelos povos. Há algo além desses fatores e o teor de açúcar dos alimentos está intimamente envolvido no processo. O nosso alimento mudou com a industrialização. No início dos anos 70, o lobby da indústria do açúcar ganhou mais espaço na produção dos alimentos, após a constatação de que a gordura seria um grande fator de risco para as doenças cardiovasculares.
Parece que quanto mais açúcar nós comemos, mais açúcar nós queremos comer e mais famintos nos tornamos. O açúcar parece levar ao vício, pois os receptores neuronais que codificam o sabor prazeroso dos alimentos doces são os mesmos que respondem ao álcool, ao tabaco e à cocaína. Isso poderia explicar a preferência das pessoas que comem doces compulsivamente, ou seja, que comem apenas pelo prazer de saborear determinados alimentos, ao invés de buscarem também o alimento quando sentem fome.
As estatísticas revelam que 60% das pessoas tem preferência pelos doces e a indústria de alimentos intuitivamente, ou talvez mais sistematicamente,  entendeu isso muito bem, tanto é que milhares de alimentos nos supermercados são enriquecidos com sacarose, para atender à demanda dos paladares.
Quando os custos do tratamento da obesidade superarem o ganho advindo dos impostos e da geração de empregos da indústria de alimentos, os governos não terão mais dificuldade em optar pela restrição a essa atividade econômica e isso não está longe de ocorrer. 

FONTE: http://comersemculpa.blog.uol.com.br/arch2012-06-16_2012-06-30.html

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