Estudos
realizados em ratinhos já revelaram o poder do açúcar em mudar o
comportamento alimentar. Quando alimentados com ração para ratos eles
comem, brincam, interagem e mantêm peso normal. Quando alimentados com
ração advinda de alimentos processados, ricos em açúcar e proveniente de
supermercados, eles passam a comer de maneira estranha, insaciável.
Deixam de brincar para comer. Deixam de interagir para comer.
Consequentemente, se tornam obesos.
Nos
últimos 50 anos nós ficamos três vezes mais gordos. Apesar da origem
multifatorial da obesidade, a progressão é tão alarmante que não
conseguimos explicar apenas pelo sedentarismo do mundo ou pelo volume de
alimentos ingeridos pelos povos. Há algo além desses fatores e o teor
de açúcar dos alimentos está intimamente envolvido no processo. O nosso
alimento mudou com a industrialização. No início dos anos 70, o lobby da
indústria do açúcar ganhou mais espaço na produção dos alimentos, após a
constatação de que a gordura seria um grande fator de risco para as
doenças cardiovasculares.
Parece
que quanto mais açúcar nós comemos, mais açúcar nós queremos comer e
mais famintos nos tornamos. O açúcar parece levar ao vício, pois os
receptores neuronais que codificam o sabor prazeroso dos alimentos doces
são os mesmos que respondem ao álcool, ao tabaco e à cocaína. Isso
poderia explicar a preferência das pessoas que comem doces
compulsivamente, ou seja, que comem apenas pelo prazer de saborear
determinados alimentos, ao invés de buscarem também o alimento quando
sentem fome.
As
estatísticas revelam que 60% das pessoas tem preferência pelos doces e a
indústria de alimentos intuitivamente, ou talvez mais
sistematicamente, entendeu isso muito bem, tanto é que milhares de
alimentos nos supermercados são enriquecidos com sacarose, para atender à
demanda dos paladares.
Quando
os custos do tratamento da obesidade superarem o ganho advindo dos
impostos e da geração de empregos da indústria de alimentos, os governos
não terão mais dificuldade em optar pela restrição a essa atividade
econômica e isso não está longe de ocorrer.
FONTE: http://comersemculpa.blog.uol.com.br/arch2012-06-16_2012-06-30.html
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