Rio de Janeiro, Brasil, 25/6/2012 (TerraViva) – O consumo excessivo e
a obesidade, sobretudo nos países industrializados, ameaçam não apenas a
saúde das pessoas, mas também a própria sustentabilidade da Terra,
alerta um estudo apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A pesquisa, elaborada pela Escola
de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM), intitulada O Peso das Nações: uma Estimativa da Biomassa Humana Adulta, confirma que a população dos Estados Unidos é a que apresenta maior sobrepeso do planeta.
De fato, para que a população mundial tenha o mesmo índice de
biomassa entre pessoas da mesma idade que os Estados Unidos, deveria
aumentar em 58 milhões de toneladas, equivalente a 935 milhões de
pessoas. O aumento da biomassa mundial por obesidade eleva as exigências
de energia em 261 quilocalorias ao dia por adulto, o que equivale aos
requisitos de 473 milhões de adultos.
O estudo, apresentado no dia 22, dia de encerramento da Rio+20,
alerta que a energia necessária para manter a biomassa criada pela
obesidade agrava os problemas ecológicos causados pelo aumento
populacional. Os pesquisadores calcularam a energia alimentar necessária
para sustentar a biomassa usando fórmula e dados da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Ian Roberts, professor de epidemiologia e saúde pública da LSHTM e
autor do estudo, alertou que a obesidade é uma ameaça tão grande para o
meio ambiente quanto a superpopulação. “As pessoas tendem a pensar que a
maior ameaça para o meio ambiente é a crescente população nos países em
desenvolvimento. Mas esta medição da biomassa é mais relevante”,
ressaltou Roberts. “Ao considerar quantas pessoas podem sustentar o
mundo, a pergunta não é quantas bocas há para alimentar, mas quanta
carne há para alimentar”, acrescentou.
O estudo estima a média de biomassa mundial em 62 quilos. Os
norte-americanos e canadenses em conjunto pesam, em média, 80,7 quilos, e
os europeus 70,1 quilos, em média. A pesquisa também indica que, apesar
de constituírem apenas 5% da população mundial, os Estados Unidos
respondem por quase um terço do peso mundial devido à obesidade. Por
outro lado, a Ásia é lar de 61% da população mundial, mas só representa
13% do peso dos habitantes do planeta.
“A crescente biomassa terá importantes consequências para as
exigências mundiais de recursos, incluindo a demanda por alimentos e a
pegada ecológica de nossas espécies”, observou Roberts. Segundo o
estudo, a tendência mundial ao aumento da biomassa terá sérias
implicações nos recursos. O aumento do índice de biomassa
sobrecarregaria as fontes de energia do planeta de forma equivalente à
que fariam 473 milhões de pessoas. A maior demanda por comida disparará
os preços dos alimentos. Devido ao maior poder de compra dos países
industrializados, que também têm maior média de biomassa, os piores
efeitos do aumento de preços recairiam sobre os pobres do mundo.
O informe lamenta que o conceito de biomassa raramente seja aplicado à
espécie humana, embora “as implicações ecológicas da crescente biomassa
sejam significativas e devam ser levadas em conta na hora de avaliar as
futuras tendências e o planejamento dos futuros desafios de recursos”.
Roberts afirmou que “tratar a gordura da população poderia ser
fundamental para a segurança alimentar mundial e a sustentabilidade
ecológica”.
O cientista disse que atualmente as pessoas não necessariamente comem
mais do que há 50 anos. O principal problema é que “não movimentamos
nossos corpos, mas estamos biologicamente programados para comer”,
indicou. Para combater esta tendência à imobilidade sugeriu que os
urbanistas concebam as cidades de maneira a torná-las fáceis para se
andar a pé ou de bicicleta. “Todos concordam que o aumento populacional
ameaça a sustentabilidade ambiental. Nosso estudo mostra que a gordura
da população também é uma grande ameaça. A menos que atendamos tanto o
aumento da população quanto da gordura, nossas chances são escassas”,
opinou Roberts.
FONTE: http://tvmeioambiente.com.br/noticias/a-obesidade-e-tao-ruim-quanto-a-superpopulacao/
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