José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: A obesidade é tão ruim quanto a superpopulação

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A obesidade é tão ruim quanto a superpopulação

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Devido à obesidade, os norte-americanos representam quase um terço do peso da população mundial. Foto: Don Hankins/CC By 2.0

Rio de Janeiro, Brasil, 25/6/2012 (TerraViva) – O consumo excessivo e a obesidade, sobretudo nos países industrializados, ameaçam não apenas a saúde das pessoas, mas também a própria sustentabilidade da Terra, alerta um estudo apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A pesquisa, elaborada pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM), intitulada O Peso das Nações: uma Estimativa da Biomassa Humana Adulta, confirma que a população dos Estados Unidos é a que apresenta maior sobrepeso do planeta.
De fato, para que a população mundial tenha o mesmo índice de biomassa entre pessoas da mesma idade que os Estados Unidos, deveria aumentar em 58 milhões de toneladas, equivalente a 935 milhões de pessoas. O aumento da biomassa mundial por obesidade eleva as exigências de energia em 261 quilocalorias ao dia por adulto, o que equivale aos requisitos de 473 milhões de adultos.
O estudo, apresentado no dia 22, dia de encerramento da Rio+20, alerta que a energia necessária para manter a biomassa criada pela obesidade agrava os problemas ecológicos causados pelo aumento populacional. Os pesquisadores calcularam a energia alimentar necessária para sustentar a biomassa usando fórmula e dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Ian Roberts, professor de epidemiologia e saúde pública da LSHTM e autor do estudo, alertou que a obesidade é uma ameaça tão grande para o meio ambiente quanto a superpopulação. “As pessoas tendem a pensar que a maior ameaça para o meio ambiente é a crescente população nos países em desenvolvimento. Mas esta medição da biomassa é mais relevante”, ressaltou Roberts. “Ao considerar quantas pessoas podem sustentar o mundo, a pergunta não é quantas bocas há para alimentar, mas quanta carne há para alimentar”, acrescentou.
O estudo estima a média de biomassa mundial em 62 quilos. Os norte-americanos e canadenses em conjunto pesam, em média, 80,7 quilos, e os europeus 70,1 quilos, em média. A pesquisa também indica que, apesar de constituírem apenas 5% da população mundial, os Estados Unidos respondem por quase um terço do peso mundial devido à obesidade. Por outro lado, a Ásia é lar de 61% da população mundial, mas só representa 13% do peso dos habitantes do planeta.
“A crescente biomassa terá importantes consequências para as exigências mundiais de recursos, incluindo a demanda por alimentos e a pegada ecológica de nossas espécies”, observou Roberts. Segundo o estudo, a tendência mundial ao aumento da biomassa terá sérias implicações nos recursos. O aumento do índice de biomassa sobrecarregaria as fontes de energia do planeta de forma equivalente à que fariam 473 milhões de pessoas. A maior demanda por comida disparará os preços dos alimentos. Devido ao maior poder de compra dos países industrializados, que também têm maior média de biomassa, os piores efeitos do aumento de preços recairiam sobre os pobres do mundo.
O informe lamenta que o conceito de biomassa raramente seja aplicado à espécie humana, embora “as implicações ecológicas da crescente biomassa sejam significativas e devam ser levadas em conta na hora de avaliar as futuras tendências e o planejamento dos futuros desafios de recursos”. Roberts afirmou que “tratar a gordura da população poderia ser fundamental para a segurança alimentar mundial e a sustentabilidade ecológica”.
O cientista disse que atualmente as pessoas não necessariamente comem mais do que há 50 anos. O principal problema é que “não movimentamos nossos corpos, mas estamos biologicamente programados para comer”, indicou. Para combater esta tendência à imobilidade sugeriu que os urbanistas concebam as cidades de maneira a torná-las fáceis para se andar a pé ou de bicicleta. “Todos concordam que o aumento populacional ameaça a sustentabilidade ambiental. Nosso estudo mostra que a gordura da população também é uma grande ameaça. A menos que atendamos tanto o aumento da população quanto da gordura, nossas chances são escassas”, opinou Roberts. 
FONTE: http://tvmeioambiente.com.br/noticias/a-obesidade-e-tao-ruim-quanto-a-superpopulacao/

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