Acabamos
de voltar do congresso americano de medicina esportiva, entre as
novidades, foi apresentada e discutida a relação entre saúde óssea,
exercício físico e o uso de medicamentos para tratamento de osteoporose.
Foi demonstrado que a maioria dos medicamentos utilizados no tratamento
de osteoporose age na redução da ação de reabsorção do tecido ósseo e
não na formação de tecido ósseo.
A
melhora na densidade mineral óssea produzida com medicamento e com
exercício físicos é praticamente a mesma, o que muda então? Porque
indicar a atividade física ao invés de usar o medicamento já que ambos
promovem a mesma melhora na densidade mineral óssea? A atividade física,
apesar de promover a mesma melhora na densidade mineral óssea, promove
aumento de força óssea contra a fratura maior que o medicamento. Isto é,
com o exercício físico a quantidade de força necessária para promover a
fratura do osso é muito maior do que se utilizando o medicamento. Isto
provavelmente ocorre porque a força mecânica decorrente do exercício
físico estimula formação óssea de maneira mais apropriada, mais
distribuída e com melhor arquitetura. Além
disto, a atividade física na infância promove maior densidade mineral
óssea, na fase adulta auxilia a manutenção desta densidade e no
envelhecimento retarda a redução da densidade mineral óssea.
A
intensidade do exercício também é muito importante. Exercícios contra
resistência como musculação mostraram ter pouco efeito na melhora da
densidade mineral óssea, enquanto atividades com mais impacto como
tênis, basquete, corrida, squash e etc são mais eficientes em promover
força mecânica suficiente que estimule a melhora da densidade óssea.
Outro dado interessante apresentado foi a perda mineral óssea encontrada em ciclistas.
Esta
perda se dá provavelmente porque a perda de cálcio pelo suor que ocorre
normalmente, no ciclismo é mais intensa uma vez que esta atividade é
realizada por horas pelos atletas desta modalidade, levando a um grande
volume de suor perdido. A perda de cálcio na transpiração é um processo
fisiológico, mas promove redução das concentrações de cálcio no plasma,
estimulação da PTH (paratireoide) que por sua vez promove reabsorção
óssea de cálcio, liberando cálcio para circulação a fim de normalizar a
concentração do mesmo no sangue. Este processo ocorre em todas as
atividades físicas que promovem transpiração, a diferença é que quando a
atividade tem impacto, após o processo de reabsorção decorrente da
sudorese, há um estímulo intenso para formação óssea. Nestes casos o
balanço ósseo é positivo, isto é, o estímulo para síntese é maior que
para reabsorção, levando a aumento da densidade mineral óssea. No
entanto, no caso do ciclismo, como não há impacto o estímulo para
reabsorção promove perda da densidade mineral óssea a longo prazo.
Referencias
Barry DE and Kohrt W J Bone Min Res, 23:484, 2008
Rubin CT,CAlcif Tissue Int, 1985, 37:411.
Turner, Exerc Spor Sci Rev, 2003, 31: 45.
Por Luciana O. P. Lancha às 07h56
FONTE: http://biomenu.zip.net/arch2012-06-24_2012-06-30.html
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