José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: O combate à obesidade infantil começa dentro de casa

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O combate à obesidade infantil começa dentro de casa


O problema está associado a danos físicos e mentais em crianças
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Colagem da artista Joana Coccarelli
Por Manoela Telles

O passar do tempo tem contribuído para o aumento do número de indivíduos obesos. O lazer está cada vez menos associado à pratica de esportes e atividades físicas. As brincadeiras tradicionais, como queimado, pelada, corrida, entre outras, vem sendo substituídas por jogos no computador, videogames, redes sociais, que são atividades que exigem pouco ou nenhum esforço físico das crianças.

Dados da última pesquisa de Orçamentos Familiares, feita pelo IBGE revelaram que uma em cada três crianças, na faixa etária de 5 a 9 anos estavam com excesso de peso. Na Região Sudeste, aproximadamente 40% de meninos e 38% de meninas estavam com sobrepeso.

dra_cecilia_amabilini_hohl_304De acordo com a Dra. Cecília Amabilini Hohl, especialista em Endocrinologia e Metabologia, a principal causa da obesidade infantil é o estilo de vida inadequado, com alimentação não saudável associada à diminuição da atividade física. Em geral, o problema não está associado a doenças do sistema nervoso central e a alterações hormonais. A presença dos pais é um fator relevante para o sucesso do tratamento.

“Os pais são os maiores parceiros no tratamento. Primeiramente, eles devem estar cientes de que sobrepeso e obesidade infantil não são sinônimos de saúde. Os pais devem estimular o filho a iniciar uma atividade física. Não precisa ser algo programado, como ir à academia. Podem ser brincadeiras que envolvam movimentação, como futebol, bicicleta, skate... Sempre que possível, os pais podem e devem acompanhar as crianças na prática destas atividades, como forma de exemplo e incentivo. A mudança gradual de qualidade e quantidade da alimentação também é necessária”, explica Cecília Amabilini Hohl.

A obesidade em crianças compromete a saúde do futuro adulto. Como consequência ao quadro clínico, surgem doenças como o diabetes do tipo 2 e a hipertensão arterial. Também compromete os níveis de colesterol e a qualidade do sono que pode levar ao desenvolvimento de apneia obstrutiva do sono. Outros efeitos negativos são os prejuízos psicológicos que comprometem o desempenho escolar e social da criança – em diferentes escolas, observou-se que esses estudantes tornaram-se vítimas constantes de bullying (clique para saber mais sobre este mal).

É comum, ainda, que a criança obesa torne-se um adulto igualmente obeso. Por outro lado, um estudo recente publicado no New England Journal of Medicine, dos Estados Unidos, apontou que adultos magros que foram obesos na infância apresentam maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Isso ocorre porque o organismo cria uma “memória” da obesidade.

“Meu filho tem doze anos e já está hipertenso. Ele faz tratamento com endocrinologista, cardiologista, nutricionista e psicólogo. É uma luta cansativa, mas eu não desisto. O tratamento é feito em hospital público e ele participa de grupos com crianças e adolescentes na mesma situação. Dou todo o apoio, mas ele não aceita fazer dieta. Tudo fica mais difícil porque ele quer comer o mesmo que as outras crianças. Os médicos dizem que, se ele não se tratar, não vai chegar aos vinte anos”, conta a doméstica Cícera dos Santos, que há três anos luta contra o  problema do filho.

obesidade_infantil_afp_340O combate começa em casa

Conforme orientação da Dra. Cecília Hohl, o combate a obesidade infantil deve começar dentro de casa, por meio da diminuição do consumo de alimentos altamente calóricos como biscoitos, bolos, sorvete. Também é aconselhado diminuir o consumo de fast-food em família: “Uma forma muito eficiente de diminuir o consumo desses alimentos é não tê-los em casa. Sempre que possível, a criança deve levar o próprio lanche para a escola, evitando a necessidade de comprar salgadinhos, refrigerante ou alimentos industrializados vendidos na maioria das cantinas”.

De acordo com a especialista, o ambiente onde são feitas as refeições também precisa ser adequado: “É importante que a criança tenha consciência do que está comendo. Se fizer isto em frente à televisão, por exemplo, não se concentrará no alimento”. Ela acrescenta que, para diminuir a quantidade de comida ingerida, o ideal é servir a refeição em recipientes menores, como um prato de sobremesa.

“Isso funciona como uma armadilha para o cérebro, ao achar que a criança comerá um prato cheio. Gradualmente, ocorrerá o hábito de ingerir menores quantidades. Não aconselhamos como prêmio ao bom desempenho escolar a comida, especialmente guloseimas como doces ou chocolates. Ela pode ser substituída por um passeio em família ao parque e outras atividades de lazer que envolvam hábitos saudáveis de vida”, aconselha a médica.

Ações públicas contra a obesidade infantil

obesidade_governo_federal_200No início do ano, o Ministério da Saúde iniciou uma ação contra obesidade infantil que visa atingir 50 mil escolas públicas de todo o Brasil, por meio do programa Saúde na Escola. O objetivo é prevenir e promover a saúde dos estudantes de 5 a 19 anos, através da promoção, prevenção e avaliação da saúde nas escolas. Em 2011, o Ministério da Saúde assinou termo de compromisso, em parceria com indústrias alimentícias, estabelecendo a redução gradual de sódio entre dez tipos de alimentos, incluindo os mais consumidos pelo público infanto-juvenil, como pão de sal, biscoitos e salgadinhos. Em março foi lançado o tema prioritário de trabalho em 2012 - “Prevenção da Obesidade na Infância e na adolescência”. No início de abril, o Ministério da Saúde fechou acordo com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) para que o programa atenda também as escolas particulares do país.
Fonte: Ministério da Saúde
Fotos: Arquivo Pessoal (Cecília Hohl) / AFP / Divulgação (Ministério da Saúde
FONTE: http://www.memoriaolimpica.com/pratique/o-combate-a-obesidade-infantil-comeca-dentro-de-casa

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