José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Condições na infância afetam obesidade na fase adulta

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Condições na infância afetam obesidade na fase adulta

O rápido ganho de peso depois dos quatro anos de idade pode resultar em problemas de obesidade na vida adulta, concluiu a tese de doutorado do médico e professor do Curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), David Alejandro González Chica.
O estudo verificou que o ganho de peso em diferentes etapas da vida influencia de forma diferente no acúmulo de gordura na região abdominal – o mais perigoso fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares na fase adulta. Além disso, o trabalho também mostrou associações diretas entre o peso ao nascer e ganho de peso em todas as faixas etárias.  
Para chegar a essas conclusões, o médico utilizou dados de uma pesquisa com nascidos na cidade de Pelotas no ano de 1982 (e que foram novamente visitados em 2006), avaliando no total 856 adultos (23-24 anos).
No estudo foram avaliadas as associações entre a circunferência da cintura, a medida do quadril e a relação cintura-quadril em adultos jovens, relacionando tais dados ao estado nutricional e aos padrões de crescimento nos primeiros anos de vida. O estudo associou também os dados de circunferência com fatores socioeconômicos na infância e na idade adulta, além de cor da pele.
Os resultados do estudo mostraram que ganhar muito peso depois do segundo ano de vida e na adolescência é prejudicial para a saúde, pois aumenta os níveis de obesidade abdominal na vida adulta. Por outro lado, o ganho de peso nos dois primeiros anos de vida se mostrou benéfico para a formação do quadril, o que teria um efeito positivo para a saúde na vida adulta ao estimular a acumulação de massa muscular, conhecido fator de proteção para doenças cardiovasculares.
A obesidade é considerada como o acúmulo ou excesso de gordura corporal numa quantidade que traga prejuízos à saúde. A gordura pode estar depositada debaixo da pele (gordura subcutânea) ou ser mais profunda, principalmente dentro do abdômen (a gordura visceral, associada a maiores problemas de saúde). A obesidade abdominal (cintura de mais 80 cm para as mulheres e mais de 94 cm para os homens) é considerada de maior risco para doenças cardiovasculares.
“Os resultados sugerem que as medidas de saúde pública direcionadas ao combate da obesidade e das doenças cardiovasculares, além de enfocar fatores contemporâneos como sedentarismo e hábitos nutricionais da população, deveriam considerar a importância das condições socioeconômicas e do ganho de peso desde os primeiros anos de vida”, diz Chica.
O professor ainda alerta que muitas pesquisas sobre o tema avaliam as condições atuais, tais como o fumo, o consumo de álcool e a inatividade física, como determinantes da obesidade. No entanto, vários estudos mostram que a obesidade é também determinada por fatores com ação em etapas iniciais da vida e que têm repercussão até a idade adulta. No entanto, são limitadas as informações disponíveis sobre este tema em populações de renda média ou baixa.
Desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, o estudo foi premiado no final pela Capes no final de 2011 como a melhor tese defendida na área de saúde coletiva.
FONTE: http://www.procuramed.com/maissaude/alimentacao/condicoes-n-infancia-afeta-obesidade-em-adultos/

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