O rápido ganho de peso depois dos quatro anos de idade pode resultar em problemas de obesidade na vida adulta, concluiu a tese de doutorado do médico e professor do Curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), David Alejandro González Chica.
O estudo verificou que o
ganho de peso em diferentes etapas da vida influencia de forma diferente
no acúmulo de gordura na região abdominal – o mais perigoso fator de
risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares
na fase adulta. Além disso, o trabalho também mostrou associações
diretas entre o peso ao nascer e ganho de peso em todas as faixas
etárias.
Para chegar a essas conclusões, o médico utilizou
dados de uma pesquisa com nascidos na cidade de Pelotas no ano de 1982
(e que foram novamente visitados em 2006), avaliando no total 856
adultos (23-24 anos).
No estudo foram avaliadas as associações entre a
circunferência da cintura, a medida do quadril e a relação
cintura-quadril em adultos jovens, relacionando tais dados ao estado
nutricional e aos padrões de crescimento nos primeiros anos de vida. O
estudo associou também os dados de circunferência com fatores
socioeconômicos na infância e na idade adulta, além de cor da pele.
Os resultados do estudo mostraram que ganhar muito
peso depois do segundo ano de vida e na adolescência é prejudicial para
a saúde, pois aumenta os níveis de obesidade abdominal na vida
adulta. Por outro lado, o ganho de peso nos dois primeiros anos de vida
se mostrou benéfico para a formação do quadril, o que teria um efeito
positivo para a saúde na vida adulta ao estimular a acumulação de
massa muscular, conhecido fator de proteção para doenças
cardiovasculares.
A obesidade é considerada como o acúmulo ou excesso
de gordura corporal numa quantidade que traga prejuízos à saúde. A
gordura pode estar depositada debaixo da pele (gordura subcutânea) ou
ser mais profunda, principalmente dentro do abdômen (a gordura visceral,
associada a maiores problemas de saúde). A obesidade abdominal (cintura
de mais 80 cm para as mulheres e mais de 94 cm para os homens) é
considerada de maior risco para doenças cardiovasculares.
“Os resultados sugerem que as medidas de saúde
pública direcionadas ao combate da obesidade e das doenças
cardiovasculares, além de enfocar fatores contemporâneos como
sedentarismo e hábitos nutricionais da população, deveriam considerar a
importância das condições socioeconômicas e do ganho de peso desde os
primeiros anos de vida”, diz Chica.
O professor ainda alerta que muitas pesquisas sobre o tema avaliam as condições atuais, tais como o fumo, o consumo de álcool e a inatividade física,
como determinantes da obesidade. No entanto, vários estudos mostram que
a obesidade é também determinada por fatores com ação em etapas
iniciais da vida e que têm repercussão até a idade adulta. No entanto,
são limitadas as informações disponíveis sobre este tema em populações
de renda média ou baixa.
Desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em
Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Pelotas, o estudo foi premiado no final pela Capes no final de 2011 como
a melhor tese defendida na área de saúde coletiva.
FONTE: http://www.procuramed.com/maissaude/alimentacao/condicoes-n-infancia-afeta-obesidade-em-adultos/
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