José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Obesidade não pode ser pré-requisito

terça-feira, 10 de abril de 2012

Obesidade não pode ser pré-requisito

"A compulsão alimentar é a grande vilã das dietas!"

Engordamos quando somos gulosos. É o pecado da gula que controla a relação do homem com a balança. Todo obeso declarou, um dia, guerra à balança. Para emagrecer é preciso “fazer as pazes” com a dita cuja, visando adequar-se às necessidades para as quais ela aponta, vivendo de forma mais justa consigo mesmo, sentindo-se com um corpo mais equilibrado, mais leve e podendo usufruir mais dos balanços positivos da vida.

O grande aliado do processo de emagrecimento é aprender a se relacionar com o limite. Aceitar os limites, colocá-los pra dentro, como se pudesse “engolí-los”, absorvê-los. Em vez de comer sem limite, limitar o comer! 

Obesidade não pode ser pré-requisito para nada
Não é divertido ser gordo! Gordura já foi sinônimo de formosura, mas jamais, em tempos atuais, poderia ser exigência de qualquer ordem que alguém precise assumir a identidade de “obeso mórbido” para ser eleito Rei Momo, o símbolo de uma festa em que os corpos magros, malhados e emagrecidos são expostos como trunfo de um vasto investimento anual no corpo.

Muitos obesos relatam não ter de si a visão de um corpo excessivamente gordo. É através de fotos e dos olhares alheios que se dão conta de sua forma. Alguns não conseguem abrir mão de sua forma e muito menos dos benefícios que a "capa" de gordura fornece enquanto defesa. Entretanto outros conseguem emagrecer com qualidade, sem perder sua identidade porque sempre se perceberam para além de sua aparência.

O olhar de outra pessoa sobre o seu corpo é pior do que a deformidade corporal
A “reaprendizagem alimentar” promove uma melhor relação com a nutrição, gerando também mudanças favoráveis no entorno social. Temos que olhar para o alimento como uma forma de afeto! Muda-se a forma de comer, mudam os hábitos afetivos e sociais, dando visibilidade à transformação qualitativa das escolhas dessas pessoas que se empenham num saudável processo de emagrecimento. O olhar alheio é mais cruel do que qualquer deformidade corporal. É ele que mina a autoimagem, e que nos constitui como feios, inadequados ou “fora de moda”. O corpo é o mediador da presença humana no mundo.

Nossa cultura lipofóbica muito contribui para essa distorção da imagem corporal, gerando gordos que se veem magros e magros que se veem gordos, numa quase unanimidade de que todos se sentem ou se veem “distorcidos”. Mas o importante é sempre lembrar que para o obeso: “A perda de peso é um ganho de saúde!”

Dirce de Sá FreireDoutora em Psicologia Clínica pela PUC-RJ (2002)
Mestrado em História pela Université de Paris VII - Jussieu, França (1979).
Especializada em Transtornos Alimentares, coordenadora e professora do curso sobre Transtornos Alimentares – obesidade, anorexia e bulimia, na CCE-PUC/RJ.
Integrante de equipe de cirurgia bariátrica.
Autora dos livros:
Guia do Gordo e do Magro - aprenda a conviver com a balança, Editora Campus Elsevier, 2007;
"Com açúcar sem afeto" in Del Priore, M. & Amantino, M. (org.) - História do Corpo no Brasil, Editora Unesp, 2011.

FONTE: http://gnt.globo.com/perdaseganhos/noticias/Obesidade-nao-pode-ser-pre-requisito.shtml

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