José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Alimentos deixam ‘corpo fechado’

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Alimentos deixam ‘corpo fechado’

Elaborar e seguir um cardápio equilibrado e saudável, que inclui alimentos naturais, deixa o organismo mais resistente

Adilson Camargo/Agência Brasil


Eder Azevedo
A pita gigante está entre as plantas medicinais
Até algumas décadas atrás, a alimentação natural era um hábito associado aos naturistas. Aos poucos, estudos científicos foram comprovando que frutas, legumes e verduras carregam doses de vitaminas e proteínas capazes de “blindar” o organismo contra uma série de doenças. Com isso, foram ganhando espaço e conquistando mais adeptos (leia mais nas páginas 11 e 12). A busca por uma dieta mais próxima do natural deixou de ser uma moda exótica para ser incorporada na rotina de famílias de todas as classes sociais. A procura por produtos integrais virou uma febre. Por serem ricos em fibras, vitaminas, minerais e substâncias bioativas, grãos e cereais, por exemplo, ajudam na prevenção e no tratamento de doenças crônicas causadas, em sua maioria, por uma alimentação errada.
Segundo a nutricionista Milene Peron Rodrigues Pinto, esses alimentos são conhecidos também como funcionais.  São alimentos, ou partes de alimentos, que proporcionam benefícios à saúde. Ela explica que o alimento funcional é aquele que além do valor nutritivo (ou seja, dos nutrientes conhecidos), possuem substâncias (compostos bioativos) que atuam no organismo como antioxidantes, neutralizando os radicais livres e, assim, melhorando o sistema imunológico e cardiovascular.
Ela cita, entre os mais importantes, as frutas, verduras e legumes fortemente coloridos, que oferecem vitaminas, minerais, fibras e substâncias fitoquímicas das quais o corpo necessita para manter uma boa saúde, protegendo contra os efeitos da idade e reduzindo o risco de doenças. “O ideal é ingerir alimentos de cinco cores diferentes ao dia: vermelho, laranja, roxo, verde e branco, pois cada cor promove um benefício”, recomenda ela, que é professora do curso de nutrição e de gastronomia da Universidade Sagrado Coração (USC) e nutricionista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp).
Os alimentos de coloração vermelha são ricos em carotenoides (principalmente licopeno), que são precursores da vitamina A. Esses alimentos fazem bem ao coração e à memória, previnem o câncer e fortalecem olhos e pele. Segundo Milene, estudos mostram que os carotenoides e o licopeno são agentes antioxidantes com potencial de prevenir a divisão de células tumorais, um importante mecanismo na prevenção do câncer. Além disso, o licopeno atua como uma primeira linha de defesa, reduzindo as modificações oxidativas do colesterol ruim (LDL) e, consequentemente, o risco de enfermidades cardiovasculares.
 Alimentos de coloração laranja também são fontes de fibras, carotenoides e ricos em vitamina C, que são antioxidantes fundamentais para a proteção das células. Esses alimentos ajudam a manter a saúde do coração, da visão e do sistema imunológico.
Alimentos de coloração roxa contém niacina (ou seja, vitamina do Complexo B), minerais, potássio, vitamina C e fibras. Mantém a saúde da pele, nervos, rins e aparelho digestivo e retardam o envelhecimento. Além disso, grande parte dos alimentos deste grupo (como a uva) possui também o resveratrol que é um poderoso antioxidante que previne doenças cardíacas.
 Alimentos de coloração verde são ricos em cálcio, fósforo, ferro, potássio e fibras. Promovem o crescimento, ajudam na coagulação do sangue, evitam a fadiga mental, auxiliam na produção de glóbulos vermelhos do sangue e ajudam a fortalecer ossos e dentes. Além disso, a luteína e zeaxantina são dois carotenoides presentes principalmente em vegetais de folhas verde escuro. Por fim, os alimentos de coloração branca (banana, cará, cebola, cogumelo, nabo, pera etc) possuem vitaminas do complexo B, fibras e flavonoides, que promovem a proteção das células, auxiliam na produção de energia, no funcionamento do sistema nervoso e evitam o aparecimento de coágulos na circulação.
A nutricionista lembra ainda que as oleaginosas e peixes também são alimentos funcionais pois são sementes comestíveis ricas em ômega 9, 3 e 6, proteína, vitaminas E, C e complexo B, minerais como cálcio, cobre, magnésio, manganês, potássio e selênio, fibras e fitosteróis. Esses compostos bioativos, por obterem uma composição rica em antioxidante, promovem a redução do colesterol ruim (LDL), reduzindo os riscos para doenças cardiovasculares e neurológicas.
Segundo ela, muitos chás e ervas também estão sendo estudados com ótimos resultados, porém alguns ainda não conclusivos. “Vale ressaltar que a alimentação saudável, associada à prática regular de atividade física, promove muitos benefícios para prevenção de diversas doenças, mas o consumo de alimentos funcionais deve ser estimulado. Porém a recomendação deve ser feita com cautela, nas doses estudadas e de acordo com a individualidade de cada um.”

Imunidade em alta, estresse em baixa
No ritmo de vida atual, o estresse é a doença que mais atinge o ser humano. Uma boa parte da população sofre deste mal. Durante o processo de estresse o organismo perde vários nutrientes, vitaminas e minerais. Essas perdas devem ser repostas pelo consumo de verduras (brócolis, chicória, acelga e alface) e frutas, pois são ricas em vitaminas do complexo A, B, C e E, além de alguns minerais como magnésio e manganês, que melhoram a imunidade.
Praticar atividade física melhora as funções cardiovasculares e respiratórias. Além de servir para desviar a atenção dos problemas do cotidiano, o exercício fortalece a musculatura.
A inclusão do aminoácido tirosina na dieta, presente por exemplo na soja, previne a redução de neurotransmissor norepinefrina, proporcionando energia e alívio do estresse, segundo a nutricionista Milene Peron Rodrigues Pinto.
O consumo de magnésio, vitamina B2 e Coenzima Q10 (exemplo, o gengibre) são eficazes na prevenção e melhora de crises de enxaqueca. Alimentos ricos em ômega 3 e água possuem efeitos benéficos na pressão arterial.
De acordo com a nutricionista, a introdução dos alimentos naturais à dieta deve ser feita de forma gradual e a frequência de consumo varia de acordo com o alimento e o estado clínico do indivíduo. Sendo assim, o consumo deve ser orientado por um profissional da área.
De forma geral, Milene lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que pelos menos cinco porções de hortifrutis (frutas ou legumes ou verduras) estejam presentes no consumo diário.
Além disso, quanto mais colorido o prato mais nutrientes você estará consumindo. É o chamado «Programa 5 ao Dia», gerenciado no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Orientação Alimentar (Ibra), a partir de orientações da OMS, que consiste no estímulo ao consumo diário de no mínimo 5 vegetais de 5 cores diferentes.

O que evitar

Por outro lado, existem alguns alimentos que devem ser evitados, pois chegou-se à evidência de que seu consumo exerce grande impacto no desencadeamento ou na piora de doenças como as citadas acima.
Entre os alimentos prejudiciais Milene destaca o consumo de industrializados em geral, tais como temperos prontos, shoyo, salgadinhos de pacote, refrigerantes, sucos em pó, fast foods e outros por serem ricos em sódio e conservantes muito prejudiciais ao organismo e principalmente à pressão arterial.
Alimentos gordurosos, como frituras, por exemplo, causam problemas cardíacos e hepáticos, segundo a nutricionista. O consumo frequente de doces em geral e carboidratos refinados propiciam descontrole da glicemia (taxa de açúcar no sangue).
Além disso, o fumo, o estresse e a obesidade são fatores prejudiciais a diversas doenças bem como a propensão ao desenvolvimento de outras comorbidades.
Controle da inflamação
Os alimentos naturais são também um importante aliado na batalha contra as doenças inflamatórias. Eles interferem nos níveis dos hormônios, podendo ativar ou inibir a inflamação.
Um cardápio rico em alimentos anti-inflamatórios pode, inclusive, fortalecer o sistema imunológico e o equilíbrio de todas as funções básicas do organismo. Entre os alimentos destacam-se os ricos em ômega 3, vitaminas, zinco, selênio, fibras e pré/próbióticos, que possuem efeitos anti-inflamatórios por melhorarem a defesa antioxidante corporal.
Segundo a nutricionista Milene Peron Rodrigues Pinto, o zinco é um micronutriente essencial que pode funcionar tanto como um anti-inflamatório quanto antioxidante, e desta forma, pode ter diversas propriedades protetoras por reduzir a produção de citocinas e moléculas relacionadas à aterosclerose.
Portanto, o consumo de oleaginosas (tais como a castanha do pará, de caju, amêndoa, etc) pode ser introduzido na alimentação diária (somente uma unidade de oleaginosa no dia já promove o efeito desejado, doses maiores não são necessárias).
Nutrientes como ácido fólico (presentes nos vegetais verde-escuros como brócolis e espinafre, feijões, carne magra, pães integrais, etc) e óleo de peixe (Ômega 3) podem ajudar na determinação da quantidade, caráter e funcionamento de neurotransmissores que alteram o cérebro.
De acordo com a também nutricionista Roseli Rossi, a inflamação, muitas vezes, pode aumentar o risco de certas doenças, como câncer, diabetes, Alzheimer, alergias, artrite, obesidade e cardiovasculares.
No entanto, nem sempre a inflamação é algo que deve ser encarada com preocupação. “A inflamação não pode ser vista só como ponto negativo. Considerada uma resposta do organismo, ocorre tanto para melhorar um ferimento como proteger contra uma infecção”, completa.

Babosa e hortelã estão na lista do SUS
Babosa, hortelã e salgueiro são os novos fitoterápicos a entrar na lista oficial de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), publicada semana passada pelo Ministério da Saúde. Atualizada a cada dois anos, a lista tem agora 810 itens, como medicamentos, vacinas e insumos.
A babosa é indicada para o tratamento de queimaduras e psoríase (doença inflamatória da pele); a hortelã, síndrome do cólon irritado; e o salgueiro, para dor lombar. Desde 2007, o SUS usa remédios fitoterápicos, que agora chegam a 11. Para entrar no rol, o fitoterápico precisa ser industrializado, ter registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e eficácia comprovada.
A nova relação traz também os remédios finasterida e doxasozina (convencionais) usados contra o crescimento anormal da próstata.
A lista praticamente dobrou, passando de 470 itens, em 2010, para 810, por causa da inclusão dos medicamentos para doenças raras, vacinas e insumos.
Antes, eram listados somente os remédios considerados essenciais, utilizados no tratamento das doenças mais recorrentes. Estão de fora da lista os remédios para câncer, oftalmológicos e aqueles usados no atendimento de urgência e emergência, pois constam em outra relação nacional.
O rol é formulado por uma comissão técnica formada por representantes do ministério, da Anvisa, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de associações médicas.
Para ter acesso a um medicamento da lista do SUS, o paciente deve apresentar receita médica na rede pública. Com base na lista nacional, cada município tem autonomia para fazer sua própria relação de remédios.

Cuidados

Apesar da eficiência mostrada pelas plantas medicinais, Márcia Clélia Leite Marcelino, professora do curso de farmácia na disciplina de fitoterapia da Universidade Sagrado Coração (USC), diz que é preciso muita cautela na hora de consumi-las. “Por se tratar de produto natural, tem pessoas que acham que não faz mal. É um erro”, alerta.
Márcia lembra que dependendo da dosagem e da forma como é preparado o medicamento, tem plantas que podem fazer mais mal do que um remédio alopático. Ela cita como exemplo o chá verde, que tem ação terapêutica, mas se exagerar na dosagem pode lesar órgãos como o fígado.
Outro aspecto importante é como preparar o medicamento. Segundo a professora, se a pessoa não sabe ao certo como fazê-lo pode perguntar a um farmacêutico, que saberá como orientá-la.
Ela recomenda nunca tomar chá junto com as refeições. Ele deve ser consumido pelo menos 30 minutos antes ou duas horas após. De acordo com Márcia, algumas substâncias presentes nos chás podem impedir a absorção de nutrientes, como cálcio, ferro e outros, presentes nos alimentos.
A professora ressalta ainda que os idosos devem ter especial atenção ao tomar medicamentos à base de ervas medicinais. Isso porque geralmente um idoso já toma algum outro medicamento. A mistura pode resultar numa combinação nada benéfica. Por isso, ela recomenda falar antes com o médico.
De geração em geração
A dona de casa Maria Leonice Bossi da Silva, 65 anos, herdou da mãe o costume de lançar mão de ervas medicinais toda vez que sente algum desconforto. Geralmente, ele recorre a uma pequena plantação que mantém no quintal de casa. Quando não tem o que precisa, vai até a vizinhança onde quase sempre encontra o que procura.
Ela comenta que o boldo é a planta que não pode faltar. O chá da planta é, segundo ela, um santo remédio para problemas estomacais. “O efeito é quase imediato”, diz. Maria comenta que o mesmo chá também ajuda a emagrecer. Ela não sabe o motivo, mas diz que tem uma amiga que emagreceu tomando chá de boldo.
Uma outra planta que ela tem em casa é o alecrim. “O chá de alecrim é bom para o coração. De vez em quando, eu uso para temperar carne. O sabor fica gostoso”, relata.
O bálsamo também é usado para combater problemas de estômago. “Eu curei o meu filho de uma úlcera nervosa com bálsamo. Eu socava a folha e colocava algumas gotas no leite. Ele nunca mais teve o problema”, conta.
“Isso vem de geração. Quando eu era criança, minha mãe dava todas essas coisas. Ela curava eu e meus irmãos só com as ervas. Nunca fomos de tomar remédios. E eu fui aprendendo”, explica.
Reinaldo José Reche não afirma com certeza, mas acredita que a babosa e unha-de-gato ajudaram a curar o pai de um câncer na laringe. Ele conta que desde o início do tratamento convencional foram acrescentadas essas plantas.
Coincidência ou não, ele relata que seu pai não perdeu cabelo durante todo o tratamento, em momento algum ficou com cara de doente (pálido) e, em vez de perder quilo, engordou.
“Pela idade dele (75 anos), os médicos não davam muitas chances de cura. E ele conseguiu. Não tenho como provar que foram as plantas que o curaram. Acho que foi o conjunto que ajudou a restabelecer a imunidade dele e a devolver as vitaminas que ele perdeu durante o tratamento.”
Reinaldo conta que desde pequeno convive com esse costume. A prática vinha desde as avós e passou para o restante da família. Para garantir o suprimento de ervas e plantas, ele faz parte de um grupo de moradores que mantém uma horta comunitária na Vila Monlevade.
Entre outras plantas, a horta possui erva cidreira, hortelã japonesa (indicada para dor de cabeça), Ibisco (ajuda a emagrecer), agave americana (eficiente no combate à sarna), pita gigante (para aliviar a dor de esporão), bálsamo, babosa e muitas outras.
FONTE: http://www.jcnet.com.br/Geral/2012/04/alimentos-deixam-corpo-fechado.html

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