José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: ‘Obesidade já é a epidemia do terceiro milênio’, diz médico

quarta-feira, 11 de abril de 2012

‘Obesidade já é a epidemia do terceiro milênio’, diz médico

Fila de candidatos à cirurgia de redução do órgão tem 400 inscritos em Ribeirão Preto

Cada vez mais os hábitos de vida atuam em conjunto para inflar a população: nos Estados Unidos, 60% dos habitantes têm sobrepeso e 30% já atingiram a obesidade. Como é uma nação ícone do mundo ocidental, a tendência é de que tudo o que ocorre lá transborde para fora de suas fronteiras.
No Brasil, metade da população está acima do peso. Entre 20% e 25% se encontram na obesidade, com índices mais avantajados entre mulheres. Na região de Ribeirão Preto, 2,2% da população - 66 mil pessoas - são obesos mórbidos, segundo um estudo do Hospital das Clínicas há quatro anos.
Excesso de peso, além de uma questão de estética, representa uma preocupação geral para todos os serviços médicos do mundo. "Já é a epidemia do terceiro milênio", comenta Wilson Salgado Júnior, do grupo de cirurgia bariátrica do Hospital das Clínicas.
Ela pode ocasionar distúrbios em segmentos variados do corpo, desde a indução ao diabetes tipo 2 até o infarto, além de problemas graves no fígado.
Por tudo isso, a fila de candidatos à cirurgia bariátrica no Hospital das Clínicas de Ribeirão tem mais de 400 candidatos. São pessoas obesas há pelo menos cinco anos que não obtiveram sucesso no tratamento clínico por, no mínimo, dois anos.
Excelência
Além dos pacientes vindos da DRS (Direção Regional de Saúde) 13, da qual Ribeirão faz parte, há os que chegam de outras regiões, respaldados por decisões judiciais que garantem o atendimento - ao menos dois casos por semana.
"E a demanda tende a crescer. Há um projeto em andamento pelo qual o hospital que presta determinado serviço terá de atender pacientes de outras DRS que não o oferecem", afirma Salgado Júnior.
Para cirurgia bariátrica, o HC de Ribeirão vai passar a absorver obesos das DRSs de Franca, Araraquara e Barretos. A concentração deve-se à excelência que a instituição atingiu nessa área.
Em assistência, o grupo do professor Salgado Júnior tem conseguido upgrades, como a cirurgia por laparoscopia, quatro vezes mais cara que a de laparotomia, que envolve corte do abdome. O primeiro método, com menos dor e danos estéticos, tem resultados iguais aos do segundo, porém, com menos riscos. Só não é acessível a todos os candidatos porque os materiais utilizados são bem mais onerosos. "Dificilmente o SUS cobre laparoscopia, mas conseguimos essa verba extra para nosso hospital, que é de ensino", reforça o docente.
O grupo também é reconhecido pelo emprego de abordagens multiprofissionais no atendimento dos pacientes. Candidatos e seus familiares passam por acompanhamento de, no mínimo, seis meses com psicólogos e nutrólogos, por exemplo. "Eles precisam estar cientes da mudança de vida à qual o paciente se submeterá. Antes da cirurgia, o paciente tem de assinar um termo de compromisso e tem quem desiste nesse momento", conta o médico.
A redução do estômago a um tamanho que represente 1% a 2% do volume anterior, no método capela utilizado no HC, causa um impacto grande no organismo e no emocional. Comer por questões mal resolvidas, por exemplo, não será mais possível. "Por isso há o risco de a pessoa se voltar ao uso de álcool ou outras drogas", exemplifica.
Pesquisa
O hospital aproveita a estrutura montada à assistência para também produzir conhecimento, tanto sobre questões cirúrgicas quanto de biogenética. O grupo tem chegado a métodos de pré e pós operatórios que reduzem os riscos de complicações, como infecções (a mortalidade, entre os operados, é de 1,5%).
Após esses estudos, reduziu-se o tempo da permanência do dreno no corpo do paciente e passou-se a verificar a predisposição do indivíduo em se tornar o que eles chamam de "grandes vomitadores", após a intervenção. Os médicos concluíram que, quando esse exame aponta o problema, é melhor mudar a técnica. "Já tivemos de retirar o anel do estômago de um paciente [pela regurgitação]. Mas não fazemos mais essa técnica com o anel porque oferece riscos", diz.
Como os pacientes são monitorados nos anos seguintes, os médicos avaliam também a absorção de medicamentos pela nova área estomacal, com atenção especial a drogas de uso contínuo. Os resultados, "precoces", segundo Salgado Júnior, mostram que a assimilação do omeprazol, por exemplo, fica prejudicada. "O pico de absorção torna-se mais lento", aponta o médico.
FONTE: http://www.jornalacidade.com.br/editorias/cidades/2012/04/07/obesidade-ja-e-a-epidemia-do-terceiro-milenio-diz-medico.html

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