A obesidade é considerada o mal do novo século, trazendo problemas de
saúde que vão desde uma dislipidemia (colesterol, triglicerídeos e
outros lipídeos desregulados) até mesmo infarto do miocárdio, AVE e
câncer. É sabido que a grande causa da obesidade é o sedentarismo e má
alimentação.
Quando
se fala de genética ou tendência para engordar sempre fiquei um pouco
receosa e já torcia o nariz quando um aluno me falava ‘’tenho tendência
para engordar’’ ou mesmo ‘’a minha genética não favorece, pois meus pais
também são obesos’’. Pra começar penso que o que você mais herda do pai
e da mãe são MAUS HÁBITOS. Se eles te ensinam a comer fast food,
você vai comer pensando que isso faz bem, e isso acontece com as carnes
fritas, as batatas, os alimentos cheios de molho, os doces
transbordando de açúcar e gordura. Sem falar do sedentarismo, pois se
eles não costumam fazer exercícios dificilmente irão te motivar a
fazê-los.
O que acontece é que apesar do ambiente influenciar o aumento de peso
não podemos ignorar defeitos genéticos que favorecem a obesidade.
Atualmente já foram rastreados mais de 30 genes responsáveis, de alguma
maneira, por acumular gordura. Segundo McArdle e colaboradores, a carga
genética corresponde a 25% da culpa da obesidade (os outros 75% são
fatores ambientais). Abaixo citarei algumas situações de defeitos
genéticos podem influenciar o acumulo de gordura:
* Defeito no gene que sintetiza a leptina,
produzida pela célula de gordura e lançada na corrente sanguínea a fim
de regular a saciedade e o peso corporal (não produz leptina o
suficiente);
* Defeito no ‘’sinal’’ proporcionado pela leptina que afeta a
resposta hipotalâmica no controle da saciedade (a leptina existe em
níveis normais, mas é como se não funcionasse direito);
* A presença do gene ‘’Ob’’ ou ‘’obeso’’ que rompe os sinais
hormonais que regulam o metabolismo, o armazenamento de gordura e o
apetite. Este gene pode estar diretamente ligado à produção de leptina.
* A presença do gene ‘’ FTO’’ (fat-obesity) pode aumentar de 20 a 30% a probabilidade de uma pessoa se tornar obesa;
A leptina diz ao cérebro quando você tem que parar de comer e qual a
sua composição corporal atual. ‘’Se há um gene defeituoso para a
produção de leptina pelo adipócito e/ou para a sensibilidade do
hipotálamo à leptina (como provavelmente existe) o cérebro não consegue
avaliar adequadamente o estado do tecido adiposo no corpo. Sendo assim, a
ânsia de comer continua constante (McArdle, Katch, Katch, 2008).
Esses novos achados sobre os genes responsáveis de alguma maneira
pelo acumulo exagerado de gordura têm feito com que os pesquisadores
encarem a obesidade excessiva como uma doença e não somente como uma
falha psicológica.
Outro gene importante é o ‘’UCP2’’ responsável por ativar uma
proteína que queima o excesso de calorias na forma de energia térmica.
Se uma pessoa tem deficiência nesse gene, ela pode deixar de queimar o
que realmente precisa. A proteína ‘’AGRP’’, recém descoberta, também
controla a vontade de comer e está relacionada ao controle da saciedade.
Fatores raciais também influenciam o acumulo de gordura. Um estudo
feito nos EUA descobriu que mulheres obesas negras tem um gasto calórico
basal em média 5% menor do que mulheres obesas brancas.
Da mesma forma, substâncias bioquímicas influenciam o comportamento
alimentar, a absorção do trato digestivo, o tecido adiposo e os centros
de controle alimentar: leptina, peptídeo YY3-36, neuropeptídeo Y,
grelina, receptor de melanocortina-4, receptor neuronal CB1 entre outros.
Seja por genética e/ou por maus hábitos o fato é que o exercício
físico influencia positivamente no controle e diminuição do peso
corporal. Mesmo tendo predisposição genética, a prática de exercícios
regulares diminuiu em 30% a chance de desenvolver a obesidade.
Fonte: Fisiologia do Exercício, energia, nutrição e desempenho
humano. (McArdle, Katch & Katch, 2008). Reportagem eletrônica:
<www.veja.com.br>
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