Crianças nascidas por cesárea têm duas vezes mais risco de ficar
obesas do que as que vieram ao mundo por parto normal, segundo uma
pesquisa americana.
De acordo com pesquisadores do Boston Children’s Hospital, em
Massachusetts, quando as crianças atingem os três anos, o nível de
obesidade é duas vezes maior entre as que nasceram por cesariana.
A equipe acredita que a cirurgia possa afetar a flora bacteriana do
aparelho digestivo, causando alterações no modo como o alimento é
digerido. Segundo os especialistas, haveria diferenças na composição da
flora bacteriana do aparelho digestivo adquirida no parto normal e na
cesária.
O estudo acompanhou 1.255 mulheres com seus bebês de 1999 a 2002 e foi publicado no Archives of Disease in Childhood. Os
bebês foram medidos e pesados ao nascer e quando atingiram três anos.
Cerca de um quarto havia nascido por cesárea e o restante por parto
normal.
Do grupo de nascidos por cesariana, 16% eram considerados obesos aos
três anos de idade – mais que o dobro da taxa entre nascidos por parto
vaginal, de 7,5%.
Os pesquisadores encontraram uma relação entre massa corporal,
espessura da pele e a forma como a criança nasceu. Eles também
descobriram que as mulheres que fizeram cesária tendiam a pesar mais que
as que tiveram parto normal – uma característica que poderia
influenciar a tendência a obesidade em seus bebês. Elas também
amamentavam por menos tempo. Mas mesmo descontando esses fatores, a
tendência à obesidade se manteve.
Segundo Patrick O’Brien, porta-voz do Royal College de obstetras e
ginecologistas, apesar de os resultados serem interessantes, a amostra
do estudo ainda é pequena: “É preciso tentar replicar esses resultados
em um grupo maior de mulheres.”
Segundo os médicos que fizeram o levantamento, do Hospital Infantil
de Boston, a diferença pode ser explicada pelas bactérias. Bebês
nascidos por parto normal adquirem bactérias do gênero Bacteroides da
mãe na hora do parto – esses micro-organismos são essenciais para a boa
digestão dos alimentos.
Os nascidos por cesárea, no entanto, não apenas têm menos
Bacteroides, mas têm mais bactérias do gênero Firmicutes – que são
associadas à obesidade por aumentar a energia extraída dos alimentos e
causar uma inflamação que dificulta a regulação da absorção de acúçar.
A cesariana também já foi ligada a um maior risco de desenvolvimento de arma e rinite alérgica, em estudos anteriores.
FONTE: http://correiodobrasil.com.br/cesariana-dobra-o-risco-de-obesidade-infantil/458012/
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