GABRIELA CUPANI - FOLHA DE SÃO PAULO
Um
novo procedimento pode ajudar pacientes obesos a perder peso e até
evitar a cirurgia de obesidade, além de controlar o diabetes. Trata-se
de uma técnica endoscópica, que insere via oral uma espécie de
revestimento de 62 centímetros no início do intestino delgado.
Isso impede a absorção de comida naquela região. O alimento, então,
vai do estômago diretamente para a porção final do intestino.
A técnica vem sendo testada com sucesso há mais de um ano no Hospital
das Clínicas de São Paulo em 78 pacientes, que perderam, em média, 30%
do peso. Uma redução de 10% já é considerada significativa pelos
médicos.
A prótese colocada é de um material plástico maleável. Ela é deixada
no organismo por cerca de um ano. Nesse período, o paciente passa por
reeducação alimentar e mudança de hábitos de vida, incluindo prática de
atividade física. Isso evita que ele recupere o peso perdido.
OBESOS MÓRBIDOS
Todos os pacientes avaliados eram obesos mórbidos (tinham índice de
massa corporal acima de 35), portadores de diabetes e doenças
associadas. Eles haviam se candidado à cirurgia bariátrica (de
obesidade), porque não conseguiam perder peso com métodos não
cirúrgicos.
Embora a nova técnica seja indicada para quem precisa perder peso
antes da cirurgia de obesidade, alguns dispensaram a operação após o
resultado obtido.
Além disso, 90% deles conseguiram manter o diabetes sob controle. Os
resultados mostraram que houve redução no uso de remédios pelos
pacientes -20% deixaram de usar drogas antidiabéticas. Os níveis de
colesterol e triglicérides também se normalizaram.
VIDA NORMAL
O procedimento é feito com anestesia geral e dura de 15 a 20 minutos. O índice de complicações é baixo.
"Depois, o paciente leva vida normal, apenas toma suplementos
vitamínicos para compensar os nutrientes que deixam de ser absorvidos",
diz Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, um dos líderes do trabalho,
diretor do serviço de endoscopia gastrointestinal do Hospital das
Clínicas e professor de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da
USP.
"Em dois anos, a técnica deve estar disponível e deve se tornar um furor", acredita.
A ideia da prótese surgiu nos Estados Unidos, mas lá só foi testada
em animais. O grupo brasileiro é um dos três únicos do mundo a fazer
pesquisas em pessoas.
"Possivelmente, vai ser um grande auxílio para esses pacientes, mas
ainda não temos resultados a longo prazo", avalia Thomas Szegö,
presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
"A curto prazo, os resultados são muito interessantes."
FONTE: http://www.cdbh.com.br/cdbh-informa/noticias/81-nova-tecnica-reduz-obesidade-sem-cirurgia.html
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