Projeto avalia qualidade alimentar domiciliar do brasileiro em meio urbano e rural.
Desde 1995, a alimentação domiciliar do brasileiro sofreu algumas
mudanças, incluindo a diminuição do consumo de gêneros tradicionais
(cereais, leguminosas, frutas e verduras) e o aumento de açúcares e
gorduras. Devido a má alimentação, os casos de sobrepeso e obesidade,
principalmente entre os anos de 1995 e 2003, prevaleceram entre a
população, o que influencia em casos de doenças cardiovasculares, câncer
e diabetes.
Com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), de
2008/2009, realizada pelo IBGE, que apresenta tabelas sobre despesas,
rendimentos, aquisição domiciliar per capita e avaliação subjetiva das
condições de vida, por estratos geográficos e por classe de rendimento
mensal, a nutricionista Natália Moreno Gaino, pós-graduanda em Ciência e
Tecnologia dos Alimentos, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz” (USP/ESALQ), realizou a pesquisa “Estado Nutricional e
Disponibilidade de Nutrientes e Carotenóides para a População
Brasileira”.
O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (Fapesp) e foi desenvolvido a partir de resultados sobre a
qualidade alimentícia brasileira. Na prática, levanta informações a fim
de favorecer ações nacionais de alimentação e agricultura que favoreçam a
produção, distribuição e comercialização de alimentos com preços
acessíveis; criar estratégias de educação nutricional, que contribuam,
de forma sustentável, para facilitar o processo de aprendizagem e
melhoria dos hábitos alimentares; e estimular nas indústrias a
necessidade de produzir alimentos mais saudáveis, com menores teores de
gordura, açúcar e sódio.
Orientada pela professora Marina Vieira da Silva, do Departamento
de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), a pesquisadora avaliou,
comparando o meio rural e o meio urbano, a disponibilidade de energia,
distribuição de macronutrientes energéticos, vitaminas, minerais e
prevalência de sobrepeso e obesidade. “Os resultados evidenciam
diferenças da disponibilidade de energia e nutrientes para as famílias
brasileiras, discriminadas de acordo com as grandes regiões e estratos
geográficos (rural e urbano)”, conta a nutricionista.
Com relação à disponibilidade de energia nos domicílios, os
maiores conteúdos foram identificados para as famílias de áreas rurais.
Quanto à distribuição dos macronutrientes energéticos (carboidratos,
proteínas e lipídeos) no valor energético total (VET), foi revelada
expressiva contribuição dos carboidratos para a totalidade das famílias
brasileiras residentes no meio rural. “Nos domicílios rurais e urbanos
das grandes regiões, a contribuição de macronutrientes para o VET
mostrou-se em conformidade com os valores preconizados”, acrescentou.
Avaliando a disponibilidade com relação às vitaminas C, B6 e B12,
folato e ácido pantotênico, constatou-se que a quantidade é inferior às
recomendações. As vitaminas A, B1 e B2 atenderam aos valores de
referências para a totalidade das famílias. Quanto aos minerais, a
disponibilidade de cálcio, magnésio, zinco, potássio e ferro, revelou-se
reduzida na maioria dos domicílios brasileiros. Os valores médios
observados para o mineral manganês superaram o recomendado para a
totalidade das famílias.
Segundo a pesquisa, as famílias brasileiras têm acesso diário,
dentro de casa, a 3882,3 mg de manganês. A recomendação de consumo desse
mineral é de 1.500 mg, mas as estimativas para o meio rural e urbano
superam esse valor, apresentando o valor de 5.074,1 mg e 3.454,1 mg,
respectivamente. A pesquisa também observou a prevalência de adultos com
sobrepeso (32,9%) e obesidade (12,5%).
“Na POF de 2008-2009, a disponibilidade carotenóides apresentou
um aumento importante quando comparada com os valores identificados na
pesquisa de 2002-2003, mas ainda pouco expressiva nos domicílios
brasileiros; sendo que a maior disponibilidade foi observado em
municípios da região sul do país, com destaque para as famílias de áreas
rurais, onde o consumo de frutas, verduras e legumes é maior”,
concluiu. [www.esalq.usp.br]|.Carla Oliveira.
FONTE: http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=203285
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