Especialistas apontam que é cada vez maior o número de pessoas
que recorrem ao uso de medicamentos para perder peso, o que levanta a
questão: afinal, quem precisa de remédio para emagrecer e como
identificar se essa é a melhor alternativa para você?Foto: Getty Images
Metade da população está acima do peso no Brasil e, nos próximos anos, a
tendência é que esse número continue a crescer. Diante deste cenário,
especialistas apontam que é cada vez maior o número de pessoas que
recorrem ao uso de medicamentos para perder peso, o que levanta a
questão: afinal, quem precisa de remédio para emagrecer e como
identificar se essa é a melhor alternativa para você? De acordo com o
médico endocrinologista Alfredo Halpern, criador da dieta dos pontos, um
erro comum é "esperar milagre" dos remédios, mas ainda assim as pílulas
são alternativas importantíssimas para derrubar o ponteiro da balança
mesmo entre quem só tem alguns quilinhos para perder.
"Há muitas pessoas que fazem verdadeiras loucuras para emagrecer, mas
ainda assim muitos pacientes precisam de remédio, e é um erro achar que
só quem é obeso ou quem já tentou de tudo precisa tomar medicamento.
(...) A questão não está no peso, às vezes uma pessoa que tem que perder
5 kg precisa tanto de remédio quanto alguém que tem que perder 50 kgs",
afirmou o médico, durante debate sobre o tema promovido pela revista
Vogue nesta segunda-feira (5), em São Paulo.
Se por um lado há quem tome remédio sem precisar - ou use os
medicamentos de forma errada, colocando a saúde em risco -, muitos
ignoram a alternativa por "puro preconceito", aposta o fundador da
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso). "O fato é que
há mais de um tipo de obesidade, então é um erro imaginar que todo mundo
terá bons resultados apenas com dienta e atividade física", enfatiza o
médico.
Polêmica: quando usar?
Os dois principais medicamentos para emagrecer - com resultado
científico comprovado - são o orlistat (princípio ativo do Xenical) e a
sibutramina, cuja venda foi restrita recentemente pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas há remédios destinados a outros
fins que também causam impactos na balança, embora também causem muita
controvérsia: como o topiramato (indicado para tratamentos para
enxaqueca e epilepsia) e a victoza (para diabetes) - alvo de intensa
polêmica após ser capa de uma revista de circulação nacional.
Mas assim como não existem milagres para emagrecer, também não há uma
"fórmula mágica" para identificar quando o remédio será o maior aliado
do paciente que quer emagrecer - e em qual deles apostar. Por isso,
alertam os especialistas, a resposta sempre deve sair de dentro de um
consultório médico, e não adianta espernear, pois as consequências para a
saúde podem ser desastrosas.
"O problema é que muitos pacientes querem que os remédios façam o
'trabalho árduo', mas ainda que a pessoa tenha esse recurso, o
medicamento é mais uma ferramenta, não a solução", alerta o psiquiatra
Arthur Guerra, fundador do Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Além de ser o único capaz de identificar qual remédio será um aliado de
quem vive em guerra com a balança, o médico também é responsável por
avaliar a ocorrência de efeitos colaterais, presentes em todos os
comprimidos, e decidir quando é hora de parar. A sibutramina, por
exemplo, pode causar desde constipação intestinal até insônia, por
exemplo, enquanto o topiramato pode causar sérios distúrbios de memória.
Mudança de hábito
Além de consultar um médico para avaliar se um medicamento pode
ajudá-lo, o paciente terá de rever todos seus hábitos alimentares e
relacionados às atividades físicas, independentemente da ajuda, ou não
dos remédios. Na avaliação da nutricionista funcional Patrícia Davidson
Haiat, do Rio de Janeiro, as mudanças de hábito podem surpreender mesmo
quem acha que "já sabe tudo".
"Um dos grandes problemas hoje é que as pessoas apresentam cada vez
mais um comportamento viciado, com uma dieta extretamente repetitiva.
Mas, de repente aquilo que funcionava antes, deixa de funcionar. Só um
olhar minucioso sobre a saúde da pessoa e seu estilo de vida é o que
pode determinar que dieta seguir. Seguir receitas é um erro", avalia a
especialista, que não emprega o uso de remédios em seus pacientes.
Na avaliação da especialista, independentemente de a pessoa adotar ou
não medicamentos - sempre sob orientação de um médico de confiança (e
apenas médicos podem receitar medicamentos) -, os resultados são muito
mais duradouros entre as pessoas que tomam uma decisão de mudar de vida.
"Uma dieta de verdade, não aquela restritiva à base de alimentos
diet/light, de sopa de caixinhas, essas coisas, não só emagrece a
pessoa, mas a deixa mais disposta. A questão é: as pessoas têm que
buscar não só perder peso, mas ganhar saúde."
FONTE: http://saude.terra.com.br/dietas/sp-medicos-debatem-uso-de-remedios-para-emagrecer,2759022479cb7310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html
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