José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Sedentarismo é um dos motivos para o aumento da obesidade infantil

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sedentarismo é um dos motivos para o aumento da obesidade infantil

O refrigerante consumido na hora do intervalo, o docinho após o almoço e a bolacha no final da tarde, aliados ao sedentarismo, estão contribuindo para o aumento do número de crianças  obesas.  Em tempos em que os principais meios de diversão delas são o videogame e o computador, os problemas relacionados à saúde crescem a cada dia e a obesidade está entre as doenças que mais atingem as crianças. Segundo levantamento da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto, uma em cada dez crianças apresenta excesso de peso.

De acordo com a pediatra Heloisa Bettiol (CRM: 40.549), não existe um valor de limite de peso para uma criança, pois, como ela está em processo de crescimento, tanto o peso quanto a altura variam ao longo do tempo. Existem algumas fases do processo de crescimento em que ocorre aumento da gordura corporal da criança, como no final do período gestacional, o primeiro ano de vida, de 5 a 6 anos e na adolescência. “Se a criança ganhar muito peso nessas fases, terá maior chance de manter-se obeso durante toda a vida. A ideia de que uma criança gordinha na idade pré-escolar ou escolar acaba emagrecendo naturalmente na adolescência infelizmente não é verdadeira para a maioria das crianças. Uma criança acima do peso tem grande chance de se manter assim a vida toda, se nada for feito para mudar esse percurso”, explica a pediatra.

Existem vários fatores que são determinantes no processo que leva à obesidade. Em 95% dos casos, o sobrepeso acontece devido a um desequilíbrio entre a quantidade de energia ingerida e a energia gasta. Os outros 5% dos casos são provenientes de doenças genéticas ou endocrinológicas. “Os pais devem ficar atentos para os hábitos alimentares dos filhos, principalmente se estão comendo alimentos que são calóricos e com baixo valor nutricional. Se a criança se alimentar dessa forma e não fizer atividade física adequada, ficar muitas horas assistindo TV, usando o computador ou jogando videogame, terá mais chance de engordar”, aponta Heloisa.

De acordo com a gestora do programa de exercícios kids Ludmila Capelozza, os pais devem estar atentos às mudanças físicas e emocionais da criança. “A primeira coisa que deve ser feita ao notar que o filho tem sobrepeso é levá-lo ao especialista. Ele encaminhará a criança a uma academia apta a atender todas as necessidades”, aconselha. No programa de exercícios kids, por exemplo, o trabalho é realizado por um grupo de profissionais composto por  nutricionista, avaliador físico, fisiologista, psicólogo, entre outros. Assim, são avaliadas as funções biológicas da criança, atestando que ela está apta para os treinos e o quanto ela precisa gastar em calorias, bem como é identificado se existe algum sintoma psicológico.

Com os crescentes índices de obesidade infantil, diversas enfermidades — como hipertensão, aumento da pressão arterial, distúrbios hormonais, alterações na postura e colesterol alto — passaram a fazer parte do cotidiano daqueles que sofrem com o sobrepeso. “A obesidade pode trazer sérias consequências tanto para a vida atual como para a vida futura. Pessoas com sobrepeso desenvolvem inúmeros problemas físicos e psicológicos. E eu sempre digo: crianças obesas têm grande chance de se tornarem adultos obesos”, afirma a pediatra.

Para auxiliar na redução dos casos de obesidade infantil, a Secretaria Municipal da Saúde em convênio com a Secretaria Municipal da Educação, estão desenvolvendo o programa “Passaporte para a saúde”, que orienta e trata crianças com problemas alimentares. “O ‘Passaporte para a Saúde’ atende crianças de todas as idades e com diversas restrições alimentares, como a obesidade e a desnutrição. Estamos empenhados em promover ações que mostrem a necessidade de uma boa alimentação na infância e na juventude”, revela a nutricionista Maria de Lourdes Mauade.

Além disso, algumas academias da cidade contam com atividades voltadas para o público infantil. “O Mega Run Kids e as demais corridas infantis que promovemos têm o objetivo de quebrar o paradigma de que criança precisa ser atleta para correr. Também têm o propósito de elevar a qualidade de vida”, enfatiza Ludmila, ressaltando que o programa de exercícios kids promove atividades semanais para o público infantil.

O tratamento da obesidade infantil envolve mudanças de hábitos alimentares e de estilo de vida. “Normalmente a criança está disposta a realizar o tratamento, pois ela sabe que precisa perder peso, mas não pode fazer isso sozinha. Ela depende dos pais, responsáveis pelo preparo das refeições, da lancheira escolar, entre outros. Por isso, é de extrema importância que essas mudanças envolvam toda a família e não apenas a criança obesa”, conclui Ludmila.

Cardápio ideal para a alimentação infantil
Por Heloisa Bettiol
No início da vida, o melhor alimento para a criança é o leite materno, exclusivo até os seis meses e complementado com alimentos saudáveis, a partir de então podendo se manter até os dois anos de idade. Quando não é mais possível manter o leite materno, até um ou dois anos é recomendado o uso de fórmulas infantis, cuja composição é quantitativamente mais parecida com o leite materno. Deve-se postergar a introdução de alimentos industrializados para depois de dois anos de idade. Assim, bolachas, refrigerantes, sucos artificiais, iogurtes, macarrão instantâneo, enlatados, embutidos, chocolates, achocolatados, café, balas, doces industrializados, nada disso deve ser oferecido a menores de um ano, preferencialmente somente após os dois anos. E, depois disso, a criança só deve consumir esses alimentos em ocasiões excepcionais, e não como rotina da sua alimentação. Ela deve ser estimulada desde cedo a consumir frutas, legumes e verduras sob diferentes formas de preparo para que se habitue a sabores e texturas e prefira esses alimentos a outros menos saudáveis.
Revide On-line
Texto: Pâmela Silva
Fotos: Carolina Alves
* Publicado em 30/03/2012
FONTE:  http://www.revide.com.br/teen/obesidade-infantil/

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