José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Um país de obesos

terça-feira, 8 de maio de 2012

Um país de obesos

Vanderson Carvalho Neri* 
Esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil, mas tem sido observado na maior parte dos países desenvolvidos ou daqueles que vêm ganhando força econômica com o aumento do poder aquisitivo de sua população. Desde o impulso da Revolução Industrial, no século 18, quando o açúcar passou a dominar a dieta dos trabalhadores europeus e americanos, a população mundial não parou mais de ganhar quilos extras.
Cerca de 10% da causa de obesidade é genética, ou seja, um caráter imutável. O restante, corresponde aos hábitos alimentares e alterações do padrão de vida. Alimentação com excesso de calorias (dominada pelo açúcar e pelas gorduras) e o sedentarismo constituem as principais causas para os quilos a mais de nossa população. Atualmente, come-se muito rápido e de forma prática, daí as denominações de comidas fast-food, rápidas mas sem conteúdo nutricional e com excesso de calorias e gorduras saturadas, um veneno para o organismo, que passa a acumular seu quantitativo excedente em vários tecidos.
Com a vida industrializada, nós também passamos a nos exercitar menos e ficar mais horas sentados à frente do computador ou da televisão, que também não necessita de esforço, já que existe o controle remoto para facilitar nossa vida.
O excesso de peso é um importante fator de risco para uma série de doenças graves, como infarto do miocárdio, AVC e hipertensão arterial. O índice dessas doenças tem aumentado a cada ano, e as tentativas de reduzir os níveis desse impacto têm sido frustrantes, devido ao modo de vida que a população vem adquirindo. Se somarmos o tabagismo a essa realidade, o efeito devastador da obesidade é amplificado ainda mais.
O índice que mede o excesso de peso corporal é o IMC (Índice de Massa Corpórea); esse cálculo quando acima de 30 significa sobrepeso. Com o seu aumento, aumenta-se também a prevalência de casos de diabetes e o risco de morte por doenças cardiovasculares. No início do século 18, no Brasil, a porcentagem de pessoas com sobrepeso era de 2%. Atualmente , esse número atinge quase metade da população — um recorde negativo que atingimos nos últimos duzentos anos.
Muito tem sido feito e falado sobre a obesidade e suas complicações, mas o modelo de vida, importado dos americanos, tem contribuído muito para o aumento dos níveis de triglicerídeos e o excesso de gordura corporal, aqui no Hemisfério Sul. Na verdade, faltam programas que estimulem a população a implementar um dieta saudável e menos calórica, e os exercícios são muitas vezes vistos como meios para atingir o bem-estar estético, e não como uma maneira de evitar doenças impactantes sobre o organismo.
Buscar uma vida saudável não é fácil em nossa sociedade; é muito mais atrativo pedir uma porção de coxinha do que um prato de salada em um restaurante, e ela pode ser complementada por um copo de cerveja, sobretudo se for ao final de um dia de trabalho, que por sua vez também deve ter sido estressante. Mas investir no equilíbrio entre a dieta, o exercício físico e hábitos saudáveis de vida parece ser a receita mais fácil e inteligente de viver mais e melhor, sem dúvida, muito menos penoso do que investir no tratamento das complicações que esses hábitos em excesso podem acarretar a longo prazo. 

FONTE:  http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2012/05/05/um-pais-de-obesos/

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