Esse não é
um fenômeno exclusivo do Brasil, mas tem sido observado na maior parte
dos países desenvolvidos ou daqueles que vêm ganhando força econômica
com o aumento do poder aquisitivo de sua população. Desde o impulso da
Revolução Industrial, no século 18, quando o açúcar passou a dominar a
dieta dos trabalhadores europeus e americanos, a população mundial não
parou mais de ganhar quilos extras.
Cerca de 10% da causa de
obesidade é genética, ou seja, um caráter imutável. O restante,
corresponde aos hábitos alimentares e alterações do padrão de vida.
Alimentação com excesso de calorias (dominada pelo açúcar e pelas
gorduras) e o sedentarismo constituem as principais causas para os
quilos a mais de nossa população. Atualmente, come-se muito rápido e de
forma prática, daí as denominações de comidas fast-food, rápidas mas sem
conteúdo nutricional e com excesso de calorias e gorduras saturadas, um
veneno para o organismo, que passa a acumular seu quantitativo
excedente em vários tecidos.
Com a vida industrializada, nós
também passamos a nos exercitar menos e ficar mais horas sentados à
frente do computador ou da televisão, que também não necessita de
esforço, já que existe o controle remoto para facilitar nossa vida.
O
excesso de peso é um importante fator de risco para uma série de
doenças graves, como infarto do miocárdio, AVC e hipertensão arterial. O
índice dessas doenças tem aumentado a cada ano, e as tentativas de
reduzir os níveis desse impacto têm sido frustrantes, devido ao modo de
vida que a população vem adquirindo. Se somarmos o tabagismo a essa
realidade, o efeito devastador da obesidade é amplificado ainda mais.
O
índice que mede o excesso de peso corporal é o IMC (Índice de Massa
Corpórea); esse cálculo quando acima de 30 significa sobrepeso. Com o
seu aumento, aumenta-se também a prevalência de casos de diabetes e o
risco de morte por doenças cardiovasculares. No início do século 18, no
Brasil, a porcentagem de pessoas com sobrepeso era de 2%. Atualmente ,
esse número atinge quase metade da população — um recorde negativo que
atingimos nos últimos duzentos anos.
Muito tem sido feito e falado
sobre a obesidade e suas complicações, mas o modelo de vida, importado
dos americanos, tem contribuído muito para o aumento dos níveis de
triglicerídeos e o excesso de gordura corporal, aqui no Hemisfério Sul.
Na verdade, faltam programas que estimulem a população a implementar um
dieta saudável e menos calórica, e os exercícios são muitas vezes vistos
como meios para atingir o bem-estar estético, e não como uma maneira de
evitar doenças impactantes sobre o organismo.
Buscar uma vida
saudável não é fácil em nossa sociedade; é muito mais atrativo pedir uma
porção de coxinha do que um prato de salada em um restaurante, e ela
pode ser complementada por um copo de cerveja, sobretudo se for ao final
de um dia de trabalho, que por sua vez também deve ter sido
estressante. Mas investir no equilíbrio entre a dieta, o exercício
físico e hábitos saudáveis de vida parece ser a receita mais fácil e
inteligente de viver mais e melhor, sem dúvida, muito menos penoso do
que investir no tratamento das complicações que esses hábitos em excesso
podem acarretar a longo prazo.
FONTE: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2012/05/05/um-pais-de-obesos/
Nenhum comentário:
Postar um comentário