A
única pílula aprovada nos Estados Unidos para o tratamento de crianças
com diabetes tipo 2 está se mostrando surpreendentemente ineficaz,
segundo um novo estudo, aumentando as preocupações sobre essa doença que
vem se alastrando rapidamente e é altamente evitável.
A pesquisa, divulgada neste domingo, é um dos primeiros estudos
prolongados para testar a eficácia de medicamentos em crianças
diabéticas — estimadas em dezenas de milhares nos EUA. Os pesquisadores
testaram três diferentes tratamentos com remédios para controlar a
doença e descobriram que apenas cerca de metade dos participantes
conseguiram controlar seus níveis de açúcar no sangue, apesar de
cumprirem o tratamento com relativa fidelidade.
Os pesquisadores disseram que as conclusões sugerem que a maioria dos
jovens portadores da doença pode necessitar de mais de um medicamento
oral, ou de injeções de insulina, dentro de alguns anos após o
diagnóstico.
Esses resultados decepcionantes, alguns dos quais pegaram os
pesquisadores de surpresa, ressaltam os grandes desafios para o
tratamento da diabetes tipo 2, que era considerada uma doença de
adultos, até começar a surgir entre os adolescentes nos últimos 15 a 20
anos, em paralelo com índices crescentes de obesidade.
A obesidade dificulta a forma como o corpo regula o açúcar no sangue,
contribuindo para o desenvolvimento de diabetes tipo 2. A conclusão é
que a doença é evitável, em grande parte, quando se mantém um peso
corporal adequado por meio de dieta e exercícios.
O estudo sugere que a mensagem para as famílias com crianças em risco
de se tornarem obesas é prevenir o surgimento da obesidade agindo desde
a primeira infância.
"Seria muito melhor se essas crianças simplesmente não contraíssem
diabetes", disse Phil Zeitler, professor de pediatria da Universidade
Estadual do Colorado, em Denver, e do Hospital Infantil do Colorado, que
liderou o estudo. "Fica ruim depois que elas pegam a doença."
O Dr. Zeitler apresentou os resultados no domingo em uma reunião das
Sociedades Acadêmicas Pediátricas, em Boston. Eles também foram
publicados on-line pelo "New England Journal of Medicine".
As pessoas com diabetes tipo 2 correm o risco de sofrer ataques
cardíacos e derrames, doenças renais, cegueira, amputações e
infertilidade. Nos jovens, os problemas se ampliam, pois o risco de
complicações aumenta com o tempo de duração da doença, dizem os
pesquisadores.
O número de crianças americanas com diabetes tipo 2 não está bem
definido, mas estimativas de 2001 a 2005 do Centros para Controle e
Prevenção de Doenças dos EUA, ou CDC, sugerem que dezenas de milhares
são afetadas, e há um aumento de 3.600 casos por ano. As minorias,
incluindo negros e hispânicos, correm mais risco do que as crianças
brancas, e as meninas mais do que os meninos. O CDC diz que cerca de 17%
dos americanos com menos de 20 anos de idade, ou cerca de 12,5 milhões
de pessoas, são obesos e correm maior risco de contrair diabetes tipo 2.
A diabetes tipo 2 é distinta da versão de tipo 1, uma doença
autoimune em que o corpo não produz insulina, o hormônio que controla o
nível de açúcar no sangue.
O estudo foi patrocinado pelo Instituto Nacional de Diabetes e
Doenças Digestivas e Renais e iniciado há dez anos, após um aumento
acentuado, em meados da década de 90, dos casos de crianças
diagnosticadas com diabetes tipo 2
FONTE: http://online.wsj.com/article/SB10001424052702303916904577376422658810232.html.
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