Crianças de baixa renda tomam café da manhã na sala de aula, mas políticos de Nova York temem que elas façam refeições repetidas
Os Estados Unidos encontraram uma maneira inovadora,
intuitiva – e cada vez mais difundida – de garantir que comida chegue
nas bocas de crianças com fome de famílias de baixa renda: a
distribuição de café da manhã gratuito na sala de aula, antes de cada
dia escolar.
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Os resultados, que são presenciados em distritos urbanos por todo o
país, são impressionantes. Sem o estigma de ter que ir até o refeitório
para comer, o número de estudantes em Newark que tomam o café da manhã
na escola triplicou. O absenteísmo diminuiu em Los Angeles, e oficiais
em Chicago afirmam que as crianças de famílias de baixa renda estão
comendo refeições mais saudáveis com mais frequência.
Mas a cidade de Nova York, uma das líderes na reforma da saúde
pública, tem se recusado a ampliar esta proposta em suas próprias
escolas e a Câmara Municipal está demonstrando uma preocupação
surpreendente: que todos as refeições que se comem dentro da sala de
aula possam levar a um aumento da obesidade infantil.
Algumas crianças, ao que parece, estão repetindo a dose.
A Secretaria Municipal da Saúde está considerando pausar o programa
depois de ter realizado um estudo que descobriu que o programa do café
da manhã nas salas de aula, agora adotado em 381 cidades e 1.750
escolas, era problemático, pois algumas crianças podem estar
"inadvertidamente comendo calorias de uma maneira excessiva por estarem
aproveitando o café da manhã em vários locais" – em outras palavras,
comendo uma refeição em casa ou lanches a caminho da escola, e depois
tomando o café da manhã disponibilizado pelo programa nas salas de aula.
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Entretanto, na semana passada, a presidente do Conselho Municipal,
Christine C. Quinn repensou o assunto e concordou com grupos que
defendem as crianças para que a cidade de Nova York siga o exemplo de
outras cidades e disponibilize o café da manhã nas salas de aula em
escolas que tenham alunos de famílias de baixa renda. Eles dizem que a
fome e a má nutrição são problemas sérios em uma cidade onde mais de um
quarto dos residentes menores de 18 anos estão vivendo abaixo da linha
da pobreza.
O impasse fez com que os políticos de Nova York se deparassem com uma
situação desconfortável: tentar combater a fome das crianças e ao mesmo
tempo a obesidade infantil.
"Ambos assuntos são de extrema importância e por isso temos que estar
constantemente em busca de soluções que possam resolver ambas as
questões sem prejudicar um ao outro", disse Linda I. Gibbs, a
vice-prefeita para a saúde e serviços humanos.
Ela observou que cerca de 40% dos alunos do ensino fundamental e
médio das escolas de Nova York são consideradas acima do peso ou obesas.
J. Michael Murphy, professor de psicologia da Escola de Medicina da
Harvard, que estudou o fenômeno dos cafés da manhã gratuitos nas salas
de aula, disse que considerava a obesidade apenas uma das últimas
preocupações de tais programas. Mas ele admitiu que os formuladores
destas políticas bem-intencionadas poderão se deparar com um dilema.
"O que você vai fazer?" perguntou Murphy. "Ter uma balança na escola e
dizer que você não pode tomar um café da manhã gratuito porque você
está acima do peso?
FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-04-29/impasse-em-escolas-nos-eua-combater-fome-ou-obesidade-infantil.html
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