José Carlos de Almeida - Projeto Criança em Movimento Obesidade Infantil em Maracaju: Obesidade: causa ou consequência do desequilíbrio na microbiota intestinal?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Obesidade: causa ou consequência do desequilíbrio na microbiota intestinal?

A crescente prevalência da obesidade tornou-se grave problema de saúde pública em todo o mundo. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação ambiental, estilo de vida, fatores emocionais e alterações da regulação entre ingestão, gasto energético e estoque corporal.

Alguns estudos têm associado a microbiota intestinal ao estado inflamatório que ocorre na obesidade. Isso poderia acontecer porque lipopolissacarideos (LPS) de bactérias da microbiota intestinal liberados, na presença de dieta rica em gordura, seriam fator de deflagração de inflamação.

A análise de sequências bacterianas RNAr 16S mostrou que aproximadamente 98% de todas as espécies bacterianas pertencem a quatro filos: Firmicutes, Bacteroidetes, Proteobactéria e Actinobactéria. Os 2% remanecentes incluem as Verrucomicrobia, Fusobacteria e o filo TM7. No entanto, a composição da microbiota é composta predominantemente por Bacteroidetes e o filo dos Firmicutes. Indivíduos obesos apresentam uma redução na contagem de Bacteroidetes e aumento proporcional de Firmicutes, e esta diferença na composição bacteriana fecal parece ser responsável pela adiposidade.

O aumento da proporção de Firmicutes na microbiota parece influenciar o surgimento da obesidade de distintas maneiras. A primeira, por melhorar a capacidade de extrair energia dos alimentos. Algumas espécies de Firmicutes quebram longas moléculas de açúcares (polissacarídeos indigeríveis dietéticos) encontrados em cereais, frutas e verduras, que de outro modo não seriam aproveitados pelo corpo. A segunda é por contribuírem para o desenvolvimento de uma inflamação sutil, típica da obesidade. Há ainda, um terceiro mecanismo que propõe que a microbiota intestinal possa induzir a regulação de genes do hospedeiro que modulam o gasto e armazenamento energético.

Hábitos alimentares são os principais fatores que contribuem para a diversidade da microbiota intestinal humana. A alimentação pobre em fibras e rica em gorduras e carboidratos simples pode alterar o perfil da microbiota intestinal. Com o desequilíbrio da microbiota intestinal, denominado de disbiose intestinal, a microbiota pode desencadear efeitos nocivos devido a suas mudanças qualitativas e quantitativas, incluindo alterações na sua atividade metabólica e em sua distribuição pelo trato gastrointestinal .

Sendo assim, se a ingestão alimentar entre dois indivíduos for idêntica e sua microbiota intestinal diferir entre si, a absorção dos nutrientes será facilitada naquele indivíduo cuja microbiota intestinal for mais eficaz na extração energética.

Estudos adicionais são necessários para estabelecer o papel da microbiota intestinal no desenvolvimento da obesidade e de outras comorbidades metabólicas, como o diabetes tipo 2. Ainda não está claro se pequenas alterações na extração energética podem realmente levar a diferenças significativas no peso corporal. Além disso, é essencial maior evidencia para comprovar se as diferenças observadas na microbiota do intestino de pessoas obesas são a causa ou consequência da obesidade. O papel dos prebióticos, probióticos e antibióticos na modulação da microbiota intestinal na obesidade ainda precisam ser explorados.

Nutric. Fabiana Neumann CRN 2 3651
FONTE: http://www.nutricareassessorianutricional.com/2012/04/obesidade-causa-ou-consequencia-do.html

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